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    Crítica: Musical 'Rock in Rio' faz uma leitura rasa dos jovens

    LUIZ FERNANDO RAMOS
    CRÍTICO DA FOLHA

    03/08/2013 03h28

    "Rock in Rio, o Musical" inova ao transformar o gênero em veículo de marketing. O empreendimento de Roberto Medina torna-se fábula e o criador do festival, um herói nacional. Vende-se o "caso" vitorioso, mas com leitura rasa da juventude brasileira.

    O teatro musical cresceu muito no Brasil nos últimos anos. Dezenas de produções consolidaram um público assíduo e permitiram que atores com vocação nesse campo revelassem seus talentos.

    Em "Rock in Rio", dirigido por João Fonseca, confirma-se a tendência. Os 25 atuantes em cena cantam e dançam bem. Ao somar-se uma banda afiada de nove músicos, que sustenta canções de sucesso, apresentadas em alguma das quatro edições do festival, tem-se a receita de arrebatamento.

    Guga Melgar/Divulgação
    Cena do espetáculo "Rock in Rio - O Musical", que terá quatro sessões no Auditório Ibirapuera (zona sul de São Paulo)
    Cena do espetáculo "Rock in Rio - O Musical", que terá quatro sessões no Auditório Ibirapuera (zona sul de São Paulo)

    Ao mesmo tempo, se esses apelos entusiasmam o público, no final sobra pouco para se apreciar na montagem.

    A dramaturgia de Rodrigo Nogueira optou por um híbrido de realidade e fantasia, criando uma espécie de mundo encantado que confunde os destinos políticos do Brasil com os negócios da chamada Cidade do Rock.

    O registro é o do melodrama. Medina é evocado no personagem de um ex-cantor cuja mulher desapareceu na ditadura. Agora publicitário, decide a criar o festival, mas enfrenta a indiferença da filha, rebelde sem causa, que voltou ao Brasil a contragosto após anos fora.

    Simetricamente, outro jovem revoltado, cujo pai também sumiu e que tem uma mãe professora (a tarimbada Lucinha Lins), é apaixonado por musica mas está, literalmente, mudo há 15 anos.

    A ação dramática, que tem como pano de fundo a heroica realização do festival, vai fazer com que os dois jovens se cruzem e se apaixonem.

    Nada de mal se o lugar desse encontro não fosse uma universidade pública brasileira, travestida no clichê cinematográfico de um colégio norte-americano. Ali, em meio à vaga sugestão de um país conturbado, engendra-se a superação de todas as crises, consumada na abertura do famigerado festival.

    Os acontecimentos recentes nas ruas, antes de sugerirem sintonia dos criadores desse musical com o momento histórico, realçam o caráter de contrafação da iniciativa.

    ROCK IN RIO, O MUSICAL
    QUANDO sábado (3), às 20h; dom., às 15h; de 8/8 a 10/8, às 21h, 11/8, às 19h
    ONDE hoje e amanhã, Teatro Alfa (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, tel. 0/xx/11/5693-4000); de 8/8 a 11/8, Auditório Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, portão 3, tel. 0/xx/11/3629-1075)
    QUANTO de R$ 40 a R$ 180 (Alfa) e R$ 20 (Ibirapuera)
    CLASSIFICAÇÃO 14 anos
    AVALIAÇÃO regular

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