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    Empresário compra biblioteca de Ciccillo Matarazzo

    DO CRÍTICO DA FOLHA

    23/08/2013 03h16

    A biblioteca pessoal de um dos principais mecenas da história do Brasil, Francisco Matarazzo Sobrinho (1898-1977), o Ciccillo Matarazzo, acaba de ser adquirida pela Fundação Edson Queiroz, de Fortaleza, no Ceará.

    Com 2.949 volumes, a biblioteca "reúne uma das mais importantes coleções de livros de artista do país", segundo o especialista José Luiz Garaldi, da Associação Internacional de Livreiros e Antiquários, que avaliou as obras.

    Entre as publicações de maior valor encontram-se edições assinadas por modernistas do porte de Marc Chagall e Max Ernst, esse último com dedicatória pessoal a Yolanda Penteado (1903-1983), com quem Ciccillo foi casado.

    Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
    A biblioteca de Ciccillo Matarazzo, no Jardim Paulista, que foi comprada pelo colecionador cearense Airton Queiroz
    A biblioteca de Ciccillo Matarazzo, no Jardim Paulista, que foi comprada pelo colecionador cearense Airton Queiroz

    O livro mais valioso, contudo, é bem mais antigo. Trata-se de "Opere Varie di Architettura" (obras diversas de arquitetura), em sua primeira edição, de 1750, de Giovanni-Batista Piranesi (1720-1778), considerado o maior gravador do século 18. A edição traz a mítica série completa de gravuras dos cárceres de Roma. No mercado internacional, a publicação vale cerca de US$ 150 mil (cerca de R$ 340 mil).

    Esse tesouro esteve guardado nos últimos 35 anos com o advogado Benedito José Soares de Mello Pati (1924-2013), herdado por testamento. A biblioteca esteve com Ciccillo até sua morte, em seu apartamento no Conjunto Nacional, na avenida Paulista.

    "Meu pai foi advogado de Ciccillo na Metalúrgica Matarazzo e se tornaram muito amigos. Ele foi conselheiro vitalício da Fundação Bienal", diz Nelson Pati, um dos quatro filhos do advogado. Segundo ele, "por questões afetivas", seu pai nunca quis vender a biblioteca.

    O valor de sua comercialização, no entanto, não é revelado, mas teria sido feito abaixo dos padrões de mercado, segundo os envolvidos.

    A compra foi efetivada pelo empresário Airton Queiroz, 65, diretor da Fundação Edson Queiroz, chanceler da Universidade de Fortaleza e um dos herdeiros do Grupo Edson Queiroz, que atua em áreas de alimentação, eletrodomésticos, comunicações, energia e agropecuária.

    Nos últimos anos, Queiroz reuniu uma coleção de arte com cerca de 400 obras, que percorrem toda a história do Brasil. "A aquisição da biblioteca faz sentido junto à coleção, pois irá permitir pesquisa e relações com as obras que já possuímos", diz o empresário. (FC)

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