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    Crítica: Duelo dramático entre corredores de Fórmula 1 é tema de 'Rush'

    INÁCIO ARAUJO
    CRÍTICO DA FOLHA

    13/09/2013 03h21

    Existe um princípio quase sagrado nos filmes norte-americanos de esportes: o que importa nunca é o esporte, embora ele seja indispensável para as coisas funcionarem.

    Em outras palavras: "Rush - No Limite da Emoção" ocupa-se muito menos de automobilismo do que do duelo particular entre James Hunt e Niki Lauda --uma rivalidade de vários anos que desemboca no campeonato de Fórmula 1 de 1976.

    O que importa, no caso: o britânico Hunt é um representante da chamada "era romântica" do esporte --gosta de festas, garotas, é dotado de um talento excepcional para corridas. Um playboy, em suma, ou, se assim se preferir, um temperamento dionisíaco.

    Divulgação
    Daniel Brühl interpreta o piloto Niki Lauda no filme 'Rush, do diretor Ron Howard
    Daniel Brühl interpreta o piloto Niki Lauda no filme 'Rush', do diretor Ron Howard

    O austríaco Lauda é seu oposto perfeito: um trabalhador infatigável, com enorme intuição para o que diz respeito a automóveis, determinado a vencer, nem que por isso tenha de renunciar aos prazeres da vida (tratando-se de corredores, bebida e mulheres). Um tipo apolíneo, enfim.

    "Rush" ainda precisa demonstrar que o cinema ainda tem algo a dizer em matéria de filmagem de corridas de carros. Nem TV, nem cinema jamais conseguiram superar "Grand Prix", em parte porque o filme conseguia transmitir outros tipos de tensão que não os da pista propriamente dita.

    A tentativa faz sentido aqui: há imagens de corrida com coisas que a TV não costuma mostrar --nesse sentido, o interesse dos fãs de Fórmula 1 não será frustrado--, mas o essencial do interesse vem da estranha disputa entre os dois corredores.

    Estranha porque aquele foi o ano em que Lauda sofreu um tremendo acidente, em que não morreu ninguém sabe como e não pôde estar presente em várias corridas. Mas esse foi o único ano em que Hunt disputou a Fórmula 1 com chances de vitória --então tinha de ser assim mesmo.

    Diga-se, porém, que Ron Howard, veterano artesão capaz de tratar dos mais variados assuntos, extrai o que pode dos dramas ocorridos na pista e fora delas: não desonra a tradição do filme de corridas, que vem pelo menos dos anos 30 do século passado.

    Ainda assim, a sequência mais memorável do filme não diz respeito à disputa entre os corredores. Ela se dá quando Lauda fica de fora de uma festa e toma carona com a moça com quem se casará no futuro. Sem percebermos, ela une tudo que importa no filme: descrição de um temperamento, paixão por corridas, conhecimento de carros e paquera. Tudo isso com humor.

    RUSH - NO LIMITE DA EMOÇÃO
    DIREÇÃO Ron Howard
    PRODUÇÃO Alemanha/EUA/Reino Unido, 2013
    ONDE Iguatemi Cinemark e circuito
    CLASSIFICAÇÃO 14 anos
    AVALIAÇÃO bom

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