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    França se prepara para relembrar Edith Piaf 50 anos após sua morte

    DA AFP, EM PARIS

    12/09/2013 20h35

    A França se prepara para relembrar o 50º aniversário da morte de Edith Piaf, em outubro de 1963, com uma enxurrada de filmes, shows e livros, incluindo uma biografia que se propõe a desfazer algumas das noções falsas que cercam a vida deste "mito francês".

    Sempre se diz que Piaf nasceu sob um poste de luz, em uma rua do bairro de Belleville, em Paris. Mas isso não é verdade, de acordo com o livro "Piaf, um Mito Francês", publicado pela editora Fayard.

    A cantora de voz fenomenal nasceu em 19 de dezembro de 1915, no hospital Tenon, localizado no 20º distrito de Paris, informa a biografia, escrita por Robert Belleret, jornalista do "Le Monde", que fez uma investigação minuciosa.

    AFP
    Cantora francesa Edith Piaf em foto sem data; sua morte completará 50 anos em outubro
    Cantora francesa Edith Piaf em foto sem data; sua morte completará 50 anos em outubro

    Belleret se baseou principalmente em uma centena de cartas enviadas por Piaf a seu confidente, Jacques Bourgeat, que até agora não haviam sido publicadas.

    O autor também descobriu centenas de arquivos, o que permitiu que ele esclarecesse muitas das mentiras e meias-verdades em torno da vida turbulenta da diva, filha de um acrobata e uma cantora de rua.

    "Por que se enfeitou, se exagerou ou se inventou tanto sobre Piaf?", pergunta-se Belleret no prefácio de seu livro, de 700 páginas, que investiga o nascimento, a infância e a vida amorosa da cantora, além de alguns episódios obscuros da trajetória de Piaf, como sua atitude durante a ocupação de Paris pelas tropas nazistas.

    "Tratam-se de verdades e meias-verdades que foram transmitidas por seus parentes, mas que Piaf também ajudava a circular para aalimentar o mito", destaca Belleret.

    "Piaf mentia muito sobre sua vida, a começar pelo seu próprio nascimento", escreve Belleret, que também é o autor de uma excelente biografia do cantor Léo Ferré.

    NAZISTAS

    O livro refuta as alegações de Piaf de que ela deu documentos de identificação falsos para prisioneiros franceses, durante duas apresentações que ela dizia ter sido obrigada a fazer na Alemanha nazista.

    "Piaf levou uma vida de extravagâncias durante a guerra", assinala o escritor, que também fez um relato detalhado dos amores desta "Don Juan feminina".

    A cantora de voz marcante foi uma "sedutora insaciável, uma destruidora de lares que multiplicava suas conquistas, como Marcel Cerdan, Yves Montand, Georges Moustaki e Eddie Constantine", diz.

    Apesar de não esconder seus lados obscuros (seus caprichos, seus vícios, sua mesquinhez), a biografia não compromete em nada o mito, destacando o talento imensurável da artista, sua vontade de trabalhar, sua energia, seu magnetismo no palco, seu carisma e sua tenacidade.

    Belleret enfatiza também o extraordinário dom de Piaf para a escrita, o que a levou a compor cerca de 90 músicas, que correram o mundo, como "La Vie en Rose" ("A vida cor de rosa") e "Hymne à l'Amour ("O Hino ao Amor").

    A artista e compositora lendária --cuja dimensão internacional foi consolidada pelo filme "Piaf" (2007), que garantiu um Oscar à sua intérprete, Marion Cotillard-- será relembrada em outubro na França e em Nova York, cidade-fetiche da artista, que lhe oferecerá um tributo.

    Piaf, que morreu em 1963, aos 47 anos, depois de uma vida atormentada mas cheia de amor, paixão e homenagens, continua a ser a cantora mais amada na França.

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