A própria mãe fazendo sexo. O fotógrafo americano Leigh Ledare, 37, foi além de uma das fantasias mais difíceis de administrar. Não só imaginou, como assistiu e fotografou Tina Peterson, sua mãe, transando.
E não parou por aí. As fotos foram divulgadas ao público, que pode ver a mãe dele, uma ex-bailarina profissional, fazendo sexo com homens mais jovens. Sem cortes.
O trabalho de Ledare desperta a curiosidade e o debate em Londres na exposição "Duras Verdades: Fotografia, Maternidade e Identidade", aberta no dia 11 pela Photographer's Gallery.
A que mais impressiona os visitantes é a "Mom on Top of Boyfriend" (mamãe no topo do namorado). Tina Peterson, nua e completamente depilada, está de frente para a lente do filho, enquanto ela recebe sexo oral de um homem.
Em "Mom Fucking in Mirror" (mamãe fodendo no espelho), Tina aparece de costas, transando, em cima do namorado. Parte do corpo de Ledare surge na foto, feita por ele por meio de um espelho.
Graduado pela Universidade Columbia, Ledare é discípulo de Nan Goldin e de Larry Clark ("Tulsa" e "Kids"), uma escola marcada pela polêmica por explorar imagens da realidade de drogas, sexo e prostituição. Ledare trabalhou com ambos.
A mostra em Londres também tem fotos de outros profissionais sobre a maternidade, mas em contexto diferente, sem o apelo sexual das imagens de Ledare.
A Folha visitou a exposição, que vai até janeiro. Alguns visitantes passam rápido, tentam disfarçam o constrangimento inesperado. Outros ficam estáticos por alguns minutos no local, refletindo o que leva um fotógrafo a registrar, por exemplo, a mãe se masturbando.
A estudante Chiari Salvi, 20, foi à exposição sem saber da proposta. "O mundo mudou muito, não me surpreende", disse. Mas admitiu o susto. "É lógico que você não imagina ver algo assim, mas gostei da mensagem de tentar mostrar a intimidade da mãe", disse. Ed Anderson, 30, elogiou o resultado, mas foi enfático: "Não viria com meus pais aqui".
A curadora da mostra, Susan Bright, minimiza qualquer polêmica. "O choque inicial é o que menos interessa, isso na verdade passa rápido", disse. "Ver o trabalho dele com o romantismo do artista transgressivo é não considerar toda essa obra e a posição que alcança o projeto."
"O trabalho desafia e demanda muito do espectador como qualquer outra arte deveria. É importante para o espectador explorar as muitas emoções que terá ao olhar as fotos", ressalta Susan.
Ledare não quis dar entrevista, mas se manifestou por escrito, ao lado das fotos, aos visitantes da mostra.
Ele explica seu projeto: "Eu vejo o desempenho da sexualidade de minha mãe como tendo uma série de funções, entre elas, desafiar o clima de moralismo e conformismo em torno dela, como uma forma de proteger-se do seu envelhecimento".
As fotos foram feitas entre 2000 e 2008, período em que a mãe estava na faixa dos 50 anos. A ideia, segundo Ledare, surgiu quando, após um ano e meio sem vê-la, foi recebido por ela na porta, nua, e sem esconder que no quarto havia um namorado. Para ele, a atitude dela foi proposital, para mostrar que havia recuperado a autoestima.