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    Produtor transforma filmes de terror de baixo orçamento em minas de ouro

    BROOKS BARNES
    DO "NEW YORK TIMES"

    05/11/2013 07h57

    À primeira vista, não há nada de especial sobre Jason Blum. Ele faz filmes de terror de baixo custo que vendem muitos ingressos. Os produtores têm enriquecido com essa fórmula há décadas: lave (o sangue falso) e repita.

    Mas, fazendo as contas, Blum, 44, torna-se rapidamente interessante. Nos últimos cinco anos, para custos de produção que totalizaram apenas US$ 27 milhões, sua empresa, a Blumhouse Productions, produziu oito filmes de terror de sucesso --incluindo "Atividade Paranormal", "A Entidade" e "Uma Noite de Crime"--, que faturaram US$ 1,1 bilhão nas bilheterias de todo o mundo. "Sobrenatural: Capítulo 2", por exemplo, custou US$ 5 milhões e em setembro vendeu US$ 116,5 milhões em ingressos.

    Para conseguir orçamentos baixos e atrair atores e diretores de alto calibre, Blum usa um modelo empresarial incomum. Diretores e estrelas consagrados trabalham por preços de sindicato. No sucesso, os lucros são divididos. "Então basicamente as pessoas trabalham de graça", disse ele. "E não temos frescuras."

    J. Emilio Flores/The New York Times
    O produtor cinematográfico Jason Blum, de 'Atividade Paranormal'
    O produtor cinematográfico Jason Blum, de 'Atividade Paranormal'

    Nem todos os seus filmes fizeram sucesso. As decepções incluíram "Plush", que faturou ao todo US$ 3.080 e custou cerca de US$ 2 milhões. Mas, por causa do crescimento global dos serviços de vídeo on demand e streaming, mesmo os filmes que não fazem sucesso nas bilheterias têm uma boa probabilidade de recuperar seus baixos custos.

    Os filmes da Blumhouse, alguns dos quais apresentam trabalho de câmera saltitante ou no estilo vídeo de vigilância, parecem feitos sob medida para um público criado com câmeras de telefone celular, reality shows e YouTube.

    O sucesso de Blum provocou uma boa dose de inveja entre produtoras rivais. Os grandes estúdios têm perseguido a estratégia oposta, levando recentemente a um ciclo de grandes prejuízos em filmes como "R.I.P.D.".

    Blum, filho do negociante de artes Irving Blum, é hyper, inteligente, muito pontual e encantador. Ele está tentando expandir seu modelo empresarial de baixo custo e divisão de lucros para a pequena tela. Blum tem duas séries no ar e sete programas com ou sem roteiro sendo elaborados em várias redes.

    As pessoas próximas a ele dizem que sua motivação parece ir além do dinheiro. O pai de Blum ajudou a mudar o mundo da arte quando deu a Andy Warhol um de seus primeiros programas. Ele quer provar que pode mudar Hollywood, ou pelo menos um pedaço dela.

    Mas a sustentabilidade do império Blumhouse ainda é uma dúvida. Blum surgiu exatamente quando os fãs de terror estavam se cansando dos filmes de tortura no estilo "Serra Elétrica". "Falando historicamente, o público acaba seguindo em frente", disse Harold L. Vogel, analista do setor. "Não acho que haja uma exceção."

    A empresa tem seis filmes esperando um grande lançamento, que incluem "Atividade Paranormal: Marcados pelo Mal", a estrear em janeiro. Apesar de a Blumhouse vender filmes para várias distribuidoras, ela tem um acordo de prioridade com a Universal. Em junho, o estúdio lançou "Uma Noite de Crime", da Blumhouse, que custou US$ 3 milhões e faturou US$ 87 milhões.

    Parte da estratégia de Blum envolve elencar atores de renome que talvez sejam subvalorizados em Hollywood, como Ethan Hawke, Jennifer Lopez e Rose Byrne. Os agentes dizem que os atores são atraídos por filmagens curtas de quatro semanas (eles conseguem encaixar os filmes entre projetos maiores) e a oportunidade de ganhar mais dinheiro do que receberiam em geral.

    Hawke, por exemplo, vai receber cerca de US$ 2 milhões por seu trabalho em "Uma Noite de Crime", o dobro do que poderia ter cobrado inicialmente. Byrne deverá se sair ainda melhor pela participação em "Sobrenatural: Capítulo 2". Os diretores dizem que são atraídos pela oportunidade de receber uma porcentagem final.

    Blum não começou no gênero de terror. Ele se formou em economia e cinema no Vassar College, ao norte da cidade de Nova York, e foi trabalhar na Miramax, onde se tornou copresidente de aquisições em 1998. Mas acabou se cansando de pequenos filmes de arte. "Lembro-me de pensar: 'Não posso mais fazer isso'", disse ele. "Tenho de fazer filmes aos quais as pessoas assistam."

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