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    Escritor Marcelino Freire une sexo e morte em livro 'autopornográfico'

    MARCO RODRIGO ALMEIDA
    DE SÃO PAULO

    09/11/2013 03h50

    Por vezes é difícil separar o criador da criatura no romance "Nossos Ossos".

    Marcelino Freire, 46, o autor do livro, nasceu em Sertânia (PE), caçula de uma família de nove filhos. No começo dos anos 1990 mudou-se para São Paulo por causa de um amor,que começou a degringolar tão logo botou os pés na rodoviária Tietê.

    Sem um tostão, morou de favor na casa de um amigo e passou por vários empregos até firmar-se como escritor.

    Marisa Cauduro/ Folhapress
    Marcelino Freire em seu apartamento na Vila Madalena, em SP
    Marcelino Freire em seu apartamento na Vila Madalena, em SP

    Ponto por ponto, é quase tudo idêntico à trajetória pessoal e artística de Heleno de Gusmão, o personagem principal de "Nossos Ossos".

    Mas tudo isso não significa, assegura Freire, que o livro seja propriamente um romance autobiográfico. Ele prefere um termo menos literário para classificá-lo.

    "O personagem tem muita coisa de mim, mas o enredo é quase todo inventado. Na verdade, é mais um livro autopornográfico", conta, entre gargalhadas. "Muitas das putarias e sacanagens que escrevi aconteceram comigo ou com meus amigos."

    Heleno de Gusmão, narrador do romance, é um dramaturgo de sucesso, por volta de 60 anos. No começo da trama, ele tenta resgatar no necrotério o corpo de um jovem amante, misteriosamente assassinado, e levá-lo de volta para a família, que vive em Poço do Boi, interior de Pernambuco.

    A jornada quase detetivesca de Heleno, por onde desfilam michês, atores, policiais, travesti e taxistas, acaba por compor um retrato um tanto vivo da vida paulistana.

    "Nossos Ossos" é o primeiro romance de Freire, criador do festival Balada Literária, em 2006. Até então, dedicava-se às narrativas curtas, seja em seus próprios livros (entre eles "Contos Negreiros", vencedor do Prêmio Jabuti em 2006) ou nas coletâneas que organizou, como "Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século".

    O romance preserva a marca estilística de seus contos (a oralidade nordestina dos diálogos, os jogos de palavras, o humor mordaz), mas também trouxe mudanças.

    "Meus contos são quase gritos, mais rock pauleira. No romance você não pode ficar berrando o tempo todo na cabeça do leitor. Então os gritos ficaram mais abafados, são músicas mais orquestradas."

    NOSSOS OSSOS
    AUTOR Marcelino Freire
    EDITORA Record
    QUANTO R$ 28 (128 págs.)

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