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    Em livro, Anjelica Huston relembra conflitos com o pai

    FERNANDA EZABELLA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

    04/01/2014 03h24

    Antes do glamour do Oscar, dos cabelos lambidos de Mortícia e do longo namoro com Jack Nicholson, Anjelica Huston, 62, passou bons anos isolada no interior da Irlanda, ao lado de sua mãe e seu irmão mais velho, praticamente abandonados pelo pai, o cineasta John Huston (1906-1987), que rodava o mundo fazendo filmes.

    Mesmo distante, ele surge como figura central na vida da atriz americana, autora de "A Story Lately Told: Coming of Age in Ireland, London, and New York", sobre sua adolescência andando de cavalo na Irlanda, dançando os anos loucos de Londres e virando modelo em Nova York. Neste ano, ela lança um segundo livro com histórias a partir de 1973, quando se muda para Hollywood.

    "Eu era a sua garota, sem dúvida", Anjelica lembrou sobre o pai, durante um evento em Los Angeles, ao ser entrevistada pelo autor irlandês Colm Tóibín. "Tínhamos uma ligação que eu e ele não tínhamos com mais ninguém, um entendimento imediato. Ele influenciou os tipos de homens que fui atrás. Homens fugidios, homens impossíveis", completou, rindo.

    Divulgação
    A atriz Anjelica Huston em cena do filme 'Acerto Final' (1995), do diretor e ator Sean Penn
    A atriz Anjelica Huston em cena do filme 'Acerto Final' (1995), do diretor e ator Sean Penn

    Apesar do relacionamento próximo, ela descreve no livro como ele um dia lhe deu um tabefe ao saber que a filha andava dançando provocativamente num clube em Londres. Outra história explica como ela odiou fazer sua estreia no cinema sob sua direção, aos 16 anos, no romance medieval "Caminhando com o Amor e a Morte" (1969).

    Na época, Anjelica fazia testes para ser a protagonista de "Romeu e Julieta" (1968), de Franco Zeffirelli. Quando o pai soube, escreveu para o italiano dizendo que a filha estava comprometida com uma filmagem sua.

    "Eu queria ser Julieta e não sabia como dizer isto ao meu pai", contou. "O roteiro [de 'Caminhando...'] era sentimentaloide e eu não me sentia à vontade para fazer cenas de amor, dar beijos na boca na frente dele."

    O filme foi desastre de bilheteria nos EUA. "Ele foi acusado de nepotismo e eu de ser feia", disse a atriz ganhadora do Oscar por "A Honra do Poderoso Prizzi" (1985).

    No mesmo período, Anjelica perdeu a mãe em um acidente de carro. Para começar vida nova, mudou-se para Nova York e investiu na carreira de modelo.

    "Sabia que o pessoal da moda não me julgaria da mesma forma. Não me achavam feia. Já era um grande passo", disse a atriz, que fez trabalhos com o fotógrafo Richard Avedon (1923-2004), amigo da mãe que visitava a família na Irlanda. "Ele dizia que eu nunca seria modelo por causa dos ombros largos. Mas ele não previu os anos 80."

    A STORY LATELY TOLD
    AUTOR Anjelica Huston
    EDITORA Scribner (importado)
    QUANTO R$ 21 (e-book); na Amazon

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