Os "cartões de estratégias oblíquas" criados por Brian Eno e usados na gravação da trilogia de Berlim estão lá. Filmagens raras da turnê do álbum "Diamond Dogs", também. E ainda a primeira foto de divulgação, os macacões coloridos, a apresentação de "Starman" na BBC em 1972.
Seria preciso muito espaço para descrever o que se pode ver na exposição "David Bowie", que o MIS (Museu da Imagem e do Som) paulistano abre ao público no dia 31.
É a maior retrospectiva já dedicada a um artista pop. Organizada pelo londrino Victoria & Albert Museum, a mostra teve acesso aos mais de 75 mil itens do David Bowie Archive, acervo pessoal que reúne fotografias, figurinos, estudos, pinturas e cenários usados ao longo dos 46 anos de carreira.
"O desafio desse tipo de exibição é justamente reunir material, então nesse sentido boa parte do trabalho já estava feito," conta Victoria Broackes, curadora do V&A ao lado de Geoffrey Marsh.
Mesmo assim, levaram dois anos visitando o arquivo. "Para mim, o mais excitante foi encontrar anotações, pequenos pedaços de papel com rabiscos à mão", diz Broackes. A dupla de curadores ressalta que Bowie "escolheu não participar de nenhuma etapa da exposição".
A montagem brasileira, com cerca de 300 itens, não é rigidamente idêntica à original, até por questões de espaço. Algumas peças menores podem não aparecer nos corredores do MIS, mas André Sturm, diretor-executivo do museu (e fã de Bowie) afirma, sem dar detalhes, que há "algumas novidades e uma estará logo na entrada".
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Geoffrey Marsh, curador do V&A |
O livro comemorativo da mostra também ganhou versão nacional, uma coedição entre o MIS e a editora Cosac Naify. Com mais de 300 páginas, traz análises e ensaios sobre a influência de Bowie.
Sem dar entrevista há anos, Bowie não perdeu sua capacidade de manipular. "A ideia por trás dele é que você pode ser quem quiser", diz Marsh. Fascinado pela cultura pop e também um ator e pensador sério, Bowie é "um mestre na manipulação da mídia", lembra o curador.
Em março de 2013, encerrou uma década de reclusão lançando o álbum "The Next Day". O disco concorre ao Brit Awards (artista solo e disco do ano) e ao Grammy (apresentação e álbum de rock).
DAVID BOWIE - MOSTRA
QUANDO abre em 31/1; ter. a sex., das 12h às 21h; sáb., das 10h às 22h; dom. e feriados, das 11h às 20h; até 20/4
ONDE MIS (av. Europa, 158, Jardim Europa; tel. 0/xx/11/2117-4777)
QUANTO ingressos antecipados por R$ 25, no site www.ingressorapido.com.br; no MIS, a partir de 31/1, por R$ 10; entrada gratuita às terças-feiras
DAVID BOWIE - LIVRO
Editora Cosac Naify/MIS
QUANTO R$ 119,90 (320 págs.); em pré-venda pelo site da editora; entrega a partir de 29/1