Casamento gay, barriga de aluguel, incesto, religião, infidelidade, celibato, autismo, Aids, violência doméstica.
Os temas, por mais diversos que possam parecer, são todos parte de uma mesma obra: a novela "Amor à Vida", que termina na sexta (31).
A diversidade não atrapalhou o trabalho de estreia de Walcyr Carrasco no horário nobre da Globo e o folhetim alcançou média de 35 pontos de audiência desde sua estreia em 20 de maio (cada equivale a 65 mil domicílios na Grande São Paulo), com picos de 43.
Na faixa das 21h, as antecessoras, "Salve Jorge" e "Avenida Brasil", tiveram 34,3 e 38,9 pontos de média, respectivamente.
Alguns temas, no entanto, foram abandonados ao longo do caminho.
"A abordagem dos temas médicos foi toda muito rápida. O que aconteceu à menina que contraiu HIV? O que aconteceu à Silvia, que teve câncer? E à Paulinha, que teve lúpus? Ele [Carrasco] misturou e não se aprofundou", diz o pesquisador Nilson Xavier, autor de "Almanaque da Teledramaturgia Brasileira".
Entre as inovações trazidas pela obra, estão o vilão no estilo "bicha má" -como classifica o próprio autor- e o retrato que fez da temática homossexual.
"A questão da rejeição de Félix pela família foi muito bem articulada. A figura do filho rejeitado e do pai homofóbico foi bastante marcante", afirma Xavier.
"A união estável, a herança, o casamento gay, isso tem a ver com a evolução da sociedade. A novela faz um trabalho informativo", diz Maria Immacolata Vassallo de Lopes, professora de comunicação da USP e coordenadora do Centro de Estudos de Telenovela da instituição.
A professora destaca o tratamento do autismo na novela -criticado, no entanto, por familiares de autistas.
Para Nilson Xavier, o ponto mais fraco da novela é o texto. "É muito didático e infantil. Repete muito as palavras, os diálogos. Subestima a inteligência do telespectador."
Editoria de Arte/Folhapress | ||