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    Crítica: Intérpretes de Cacilda Becker são destaque do Teatro Oficina

    MARCIO AQUILES
    CRÍTICO DA FOLHA

    30/01/2014 03h09

    Quarta incursão do Oficina ao legado daquela que é considerada o maior ícone teatral do país, o musical "Cacilda!!!!" dá continuidade ao projeto estético do grupo.

    Cantos edificantes, despojamento dramático, interação com o público e figurinos tropicalistas configuram o desfile antropofágico da trupe.

    O período em que Cacilda Becker (1921-1969) transita entre os palcos do Teatro Brasileiro de Comédia e os estúdios da Companhia Cinematográfica Vera Cruz é retratado com liberdade narrativa.

    Lenise Pinheiro/Folhapress
    A atriz Camila Mota em cena da peça 'Cacilda!!!! - A Fábrica de Cinema e Teatro'
    A atriz Camila Mota em cena da peça 'Cacilda!!!! - A Fábrica de Cinema e Teatro'

    Sylvia Prado e Camila Mota encarnam a diva com registros bem distintos. A primeira carrega sua interpretação com sensualidade e força, marcando o espaço com movimentos amplos.

    Camila, por outro lado, faz um retrato mais contido, voltado a um lado mais trágico e atormentado. Um de seus discursos é o ápice da encenação: chora, ri, treme, colapsa e dá contornos agonizantes à sua expressão facial.

    Ancorado em pesquisa sólida, o projeto metateatral reencena momentos antológicos da atriz, mas a quantidade de tempos mortos ultrapassa a medida do razoável.

    Mesmo considerados como experiência sensorial e cultural que extrapola os limites cênicos, os 300 minutos da montagem extenuam sem acrescentar muito em termos de forma ou conteúdo.

    A participação dos diretores Zé Celso e Marcelo Drummond em cena justifica-se mais pela importância do mestre e seu pupilo na série do que por seus desempenhos beirando a negligência.

    Em termos de condução, porém, Zé Celso consegue transmitir seus valores. Vemos sua visceralidade transposta na interpretação do ator Roderick Himeros. Vemos sua sofisticada concepção visual aplicada nas cores distintas que tomam o teatro nas cenas com luz natural e à noite.

    A atmosfera sonora ganha densidade com a execução magistral da banda ao vivo, que acrescenta complexidade ao coro e batuques do elenco. Mais que teatro, ir ao Oficina é participar de um ritual antropológico. Tanto pelo lado bom, como pelo ruim.

    CACILDA!!!!
    QUANDO dom., às 18h; até 23/2
    ONDE Teatro Oficina, r. Jaceguai, 520, tel. (11) 3106-2818
    QUANTO R$ 40
    CLASSIFICAÇÃO 16 anos
    AVALIAÇÃO bom

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