A coreógrafa Marta Soares pesquisa uma condição-limite da dança: a não forma. Um dos resultados dessa pesquisa pode ser visto nos corpos informes de "Deslocamentos", obra que Soares apresenta na Casa Modernista, na zona sul de São Paulo.
Cinco duplas de bailarinos estão distribuídas por áreas internas e externas da casa. Dois corpos unidos pela roupa se transformam em um, como uma escultura-viva ou uma planta carnívora surrealista, que se move muito lentamente.
A sucessão de movimentos é uma sucessão de formas não identificáveis. São corpos deformados, em que a cabeça pode ser o joelho, braços e pernas parecem tentáculos.
"São corpos híbridos, nem masculinos nem femininos. Não têm fronteira entre dentro e fora, vivo e morto, animado ou inanimado", diz a coreógrafa.
Quem transita pela casa projetada em 1927 pelo arquiteto de origem russa Gregori Warchavchik (1896-1972) pode se deparar com um (aparentemente) objeto inanimado, como uma escultura surrealista que, aos poucos, mostra-se como um ser vivo e móvel.
Ou, quase camuflado em uma árvore do jardim, um corpo que remete ao de um enforcado que não se sabe se ainda vive ou já morreu.
"Queria um ambiente onde o corpo pudesse ter relação com diferentes espaços. A casa da arquitetura modernista tem muitas interligações entre os cômodos. As pessoas podem ver a dança de vários pontos de vista, vai construindo a coreografia enquanto circula pelos ambientes", conta Soares.
As coreografias das duplas de dançarinos (Anderson Gouvêa, Carolini Lucci, Martina Sarantopoulos, Nathalia Mendonça, Patrícia Bergantin, Bruno Levorin, Carolina Callegaro, Flávia Scheye, Isabel Ramos, Larissa Verbisck, Lia Mandelsberg e Talita Florêncio) duram 30 minutos e são realizadas das 17h às 20h.
DEFORMAÇÕES
QUANDO sexta, sábado e domingo, das 17hàs 20h; até 23/2
ONDE Casa Modernista, r. Santa Cruz, 325, tel. (11) 5083-3232
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO livre