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    'Nunca esqueci meu filho', diz mulher que inspirou filme 'Philomena'

    MAELI PRADO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LONDRES

    17/02/2014 03h23

    A surpreendente e terrível história de Philomena Lee, a senhora de sorriso largo acomodada no sofá de um hotel no centro de Londres, não diz respeito apenas a ela mesma.

    Como frisa com delicadeza, 2.200 irlandesas, suas conterrâneas, também tiveram seus filhos adotados por americanos contra sua vontade por determinações da Igreja Católica no país.

    As adoções forçadas de filhos de mães solteiras estão mais em evidência do que nunca por conta do sucesso do filme "Philomena", em cartaz no Brasil e que contabiliza quatro indicações ao Oscar —melhor filme, atriz (Judi Dench), trilha sonora e roteiro adaptado.

    Alessandro Bianchi - 6.fev.2014/Reuters
    Philomena Lee e o ator Steve Coogan posam para foto durante coletiva de imprensa
    Philomena Lee e o ator Steve Coogan posam para foto durante coletiva de imprensa

    Não por acaso, a enfermeira aposentada de 80 anos, que há mais de seis décadas dava à luz sem anestesia como castigo por não ser casada e que, três anos depois, teve o pequeno Anthony retirado dos braços sem nenhum aviso, foi recebida pelo papa Francisco, no começo deste mês, na praça de São Pedro, no Vaticano.

    "Foi um dos melhores momentos da minha vida", diz Philomena à Folha. "Logo que levaram Anthony, perdi a fé no catolicismo."

    "O tempo passou e voltei a acreditar, mas nunca esqueci meu filho", afirma.

    No ano passado, ela criou com a filha, Jane Libberton, fruto de um casamento posterior, o Philomena Project, entidade que visa facilitar o encontro entre famílias separadas por adoções forçadas -Libberton diz que o governo irlandês dificulta o acesso aos arquivos recebidos da igreja.

    DESENCONTROS

    Segundo Philomena, enquanto procurava o filho sem sucesso, Anthony —batizado pelos pais americanos de Michael— visitou a Irlanda três vezes para tentar buscar informações sobre a mãe.

    "Tínhamos uma ligação muito forte. Pensei nele todos os dias da minha vida, e ele também nunca me esqueceu."

    No filme, é o jornalista político em decadência e ateu Martin Sixsmith, interpretado por Steve Coogan, que encontra Anthony nos EUA.

    É ele que revela a Philomena sobre a morte do filho, nome graduado do Partido Republicano. O peso do drama é balanceado na produção pela improvável e divertida amizade que surge entre os dois durante a busca de informações.

    Na vida real foi Jane, filha que a acompanha em cerimônias e divulgações do projeto, que conseguiu informações sobre o meio-irmão e a colocou em contato com uma freira com acesso aos documentos de adoção.

    "Ela me disse, pelo telefone mesmo: 'Não adianta mais procurá-lo, ele morreu'. Eu senti como se o estivesse perdendo pela segunda vez", diz Philomena.

    Sixsmith escreveu o livro que deu origem ao filme e foi procurado por Jane para ajudar nas buscas por amigos e conhecidos de Anthony nos Estados Unidos.

    "A relação que é mostrada no filme, na verdade, se deu mais entre mim e Steve Coogan do que com Martin", conta Philomena.

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