Dedicado ao poeta, letrista e filósofo Antonio Cicero, 69, o volume "Encontros" (Azougue Editorial) reúne 15 entrevistas concedidas por ele desde 1985 até o ano passado —uma delas, inédita.

Nos textos, Cicero discorre sobre música, poesia, política e questões sociais.

"Como uma entrevista é mais informal que um ensaio, por exemplo, talvez a leitura desse livro possa ser uma boa introdução para aqueles que, por alguma razão, ficaram interessados em saber um pouco mais sobre o que penso", diz.

	Zo Guimaraes/Folhapress
	Antonio Cicero em sua casa, no Humaitá, zona sul do Rio

Um dos capítulos é dedicado a um debate ocorrido no auditório da Folha em 1985, do qual participaram Gilberto Gil, Paulo Leminski e Carlos Rennó, entre outros.

Irmão e parceiro musical da cantora e compositora Marina Lima, colega de Caetano Veloso, Jorge Mautner e Júlio Bressane na Londres dos anos 1970, Cicero esteve ao lado de ícones em momentos de efervescência cultural.

Sobre a produção contemporânea, ele diz acreditar no potencial de experimentação. "O artista de hoje tem, por direito, plena consciência de que pode usar formas tradicionais, pode inventar novas formas, pode usar formas de outras culturas, pode misturar todas essas coisas."

Autor de três livros de filosofia e quatro de poesia, Cicero coloca a persistência do trabalho contínuo somada ao relaxamento para o devaneio como método de criação.

"Sou muito autocrítico, de modo que escrevo e reescrevo muitas vezes tudo o que faço. Além disso, gosto de demorar, de divagar, de flanar, quando estou escrevendo."

Cicero acaba de compor duas letras para melodias de Arthur Nogueira, organizador deste volume de "Encontros", e no momento finaliza um novo livro de ensaios filosóficos.

ENCONTROS - ANTONIO CICERO
AUTOR Arthur Nogueira (org.)
EDITORA Azougue Editorial
QUANTO R$ 29,90 (208 págs.)