Comédia produzida pela trupe de Judd Apatow ("Ligeiramente Grávidos"), "Tudo por um Furo" retoma a lenda do jornalista de TV Ron Burgundy (Will Ferrell), desde o momento em que ele perde emprego e mulher e vira apresentador de show de golfinhos até a chance de trabalhar na nascente GNN, primeiro canal de notícias 24 horas.
Ron reúne a turma do primeiro filme: Brian Fantana (Paul Rudd), Brick Tamland (Steve Carell) e Champ Kind (David Koechner), dos quais o único que parece normal é Brian. Juntos vão para Nova York fazer história na TV, entre 1979 e 1981 —dá-lhe música disco e soft rock na trilha.
Algumas piadas são realmente engraçadas. Por vezes, esbarram arriscadamente no delicado tema do preconceito racial. Seriam Ron Burgundy e Champ Kind racistas?
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Steve Carrell, Paul Rudd, David Koechner e Will Ferrell, em cena do filme 'Tudo por um Furo' |
O segundo certamente sim. É um grosseiro preconceituoso, que oferece morcegos no lugar de frangos em sua lanchonete e abomina ter uma mulher negra como chefe.
Já Ron é o típico caso do ignorante funcional. Ele ignora a possibilidade de igualdade racial porque sua vida, apesar de voltada ao jornalismo, desconhece horizontes mais democráticos e justos.
Um tipo que hoje seria nocivo. Mas, na época, quando engatinhávamos na questão do preconceito racial, era apenas mais um tolo na multidão. O filme apresenta muito bem esse aspecto e ainda oferece uma crítica ao jogo de interesses que costuma reger grandes empresas.
Pena que "Tudo por um Furo" fique no meio do caminho. Não adere totalmente ao besteirol do tipo "Apertem os Cintos... O Piloto Sumiu" (1980) ou à linha política de um Monty Python, nem apresenta uma trama amarrada o suficiente para evitar constrangimento nas inúmeras piadas que não funcionam.
TUDO POR UM FURO
DIREÇÃO Adam McKay
PRODUÇÃO EUA, 2013
ONDE Anália Franco UCI e circuito
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO regular