O cineasta brasileiro Elyseu Visconti Cavalleiro morreu nesta terça (11) aos 75 anos por complicações do diabetes, de acordo com a diretora e atriz Helena Ignez. Os dois se conheceram quando ela atuou no filme "Os Monstros de Babaloo" (1971), dirigido por Cavalleiro. Segundo a cineasta, ele foi enterrado no cemitério São João Batista, no Rio.
Geralmente associado ao Cinema Marginal —movimento cinematográfico dos anos 1970—, Cavalleiro dirigiu dois longas de ficção: os alegóricos "Os Monstros de Babaloo" e "Lobisomem: O Terror da Meia-Noite" (1974), que enfrentaram censura política e cultural.
Em entrevista à Folha em 2013, quando tinha uma mostra em sua homenagem no Cine SESC, refutou a relação. "São termos depreciativos inventados pelo grupo do Cinema Novo. O horror, o horror!", disse.
"Nosso cinema não era maldito. Hoje é bendito, todos estão querendo ver! Fomos discriminados pela ditadura, pela imprensa e pelo Cinema Novo, que nada mais é que uma cópia malfeita do neorrealismo italiano."
Neto do pintor Eliseu Visconti e sobrinho do cineasta Lucchino Visconti, gravou também uma série de documentários de curta-metragem.
"Gilberto Freyre e Câmara Cascudo ajudaram-me a realizar documentários de etimologia e antropologia", afirmou Cavalleiro, mencionando os mentores com quem teve contato quando decidiu embrenhar-se pelo interior do país.
Da fase, ele destacava "Folia do Divino", "Feira de Campina Grande", "Ticumbi" e "Boi Calemba".
"Ele deixou uma obra documental sobre festas populares no Brasil que é muito desconhecida no Brasil, mas que eu acho tão importante quanto a do Jean Rouche", diz Ignez.
"Era um grande amigo", disse a atriz Maria Gladys. "Eu lembro que ele sempre recebia a gente na casa dele na Siqueira Campos. Ficávamos lá a tarde inteira, fumando e falando de filmes, de planos, eu, ele, o Rogério [Sganzerla], o Julio [Bressane]."
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O cineasta Elyseu Visconti Cavalleiro |