O ator José Wilker, 69, morreu na manhã deste sábado (5), vítima de um infarto. Ele estava na casa da namorada, a jornalista Claudia Montenegro, em Ipanema, na zona sul do Rio.
Ele morreu enquanto dormia. De acordo com vizinhos, o socorro médico chegou por volta das 10 horas da manhã.
O corpo do ator será levado para o Teatro Ipanema (r. Prudente de Moraes, 824, zona sul do Rio) para o velório que acontecerá a partir das 23h.
No domingo (6), o corpo será levado para o Memorial do Carmo, onde será cremado em cerimônia fechada.
Isabel, filha do ator com a atriz Mônica Torres, confirmou a morte à Folha, mas preferiu não comentar no momento. Ela, que mora em São Paulo, disse à reportagem que estava se preparando para ir ao Rio.
Mais tarde, Isabel postou em seu perfil no Instragam uma foto ao lado do pai. "Só tenho amor, muito amor, e agora saudades, sempre. Obrigada a todos pelo carinho", diz a legenda.
Wilker deixa também a filha Mariana, fruto do relacionamento com a atriz Renée de Vielmond. Ele também foi casado com Guilhermina Guinle.
Entre os papéis mais marcantes estão Vadinho, de "Dona Flor e Seus Dois Maridos" (1976) e Lorde Cigano, de "Bye Bye Brasil" (1980) no cinema, e Luís Roque Duarte (1985), em "Roque Santeiro", na televisão. Participou de quase 30 novelas na Globo.
Como diretor de TV, comandou o humorístico "Sai de Baixo" (1996) e as novelas "Louco Amor" (1983), de Gilberto Braga, e "Transas e Caretas" (1984), de Lauro César Muniz, na Globo.
Na TV Manchete, dirigiu e atuou em duas novelas: "Carmem" (1987), de Gloria Perez, e "Corpo Santo" (1987), de José Louzeiro.
Nascido em Juazeiro do Norte, no Ceará, em 1944, Wilker era filho de uma dona de casa e de um caixeiro viajante. Mudou-se ainda criança com a família para o Recife.
Sua primeira experiência em dramaturgia foi aos 13, como figurante de teleteatro da TV Rádio Clube, do Recife.
A carreira começou no Movimento Popular de Cultura (MPC) do Partido Comunista, onde estudou teatro, dirigiu espetáculos e fez documentários sobre cultura popular.
Em 1964, com o golpe militar, o filme em que trabalhava com o cineasta Eduardo Coutinho foi interrompido. Todo o acervo do MPC foi queimado, restando apenas "Cabra Marcado Para Morrer", que foi escondido.
Chegou a cursar sociologia na PUC do Rio, mas depois mudou de ideia para dedicar-se ao teatro. Levou o Molière de melhor ator, em 1970, pela peça "O Arquiteto e o Imperador da Assíria", de Fernando Arrabal.
Foi convidado por Dias Gomes para fazer sua primeira novela, "Bandeira 2" (1971). "Eu fazia teatro há dez anos, não tinha nada. Uma semana depois de estar no ar, eu era um cara com uma conta no banco, identidade, residência fixa e reconhecimento na rua. A resposta era muito imediata, intensa. Acabei gostando", disse, em depoimento ao site Memória Globo, da emissora.
O primeiro protagonista veio quatro anos depois, em 1975, na novela "Gabriela".
Foi diretor-presidente da Riofilme entre 2003 e 2008 e apresentou programas na TV sobre cinema, como o Oscar.