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    Revelação argentina, escritora Pola Oloixarac fala sobre próximo livro

    LÚCIO FLÁVIO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE BRASÍLIA

    14/04/2014 11h40

    O público estava bem parco, é verdade. Mas isso não tirou nem um pouco o clima quente do seminário "Brasil, América Latina e África: Novas realidades", novos escritores. Muito menos a empolgação das poucas pessoas da plateia que aplaudiram, entusiasmadas, as reflexões das escritoras Nned Okorafor (EUA/Nigéria) e Pola Oloixarac (Argentina), além do paulista João Paulo Cuenca, convidados da mesa.

    Norte-americana de origem nigeriana, Nnedi Okorafor não perdeu as raízes africanas de seus ancestrais, até porque passou boa parte dos primeiros anos de sua vida entre a América e a Nigéria. As reminiscências dessa época permeiam sua literatura cercada por influenciada pela ficção científica e pelo fantástico. Ela aproveita sua vinda à Bienal para lançar o inédito livro "Quem Tem Medo Morte".

    Leticia Moreira/f
    A escritora argentina Pola Oloixarac na Flip em 2011
    A escritora argentina Pola Oloixarac na Flip em 2011

    "Eu perdi o meu pai e não sabia como lidar com isso. E uma maneira que encontrei de lidar com essa perda foi escrevendo. E comecei a escrever e não sabia aonde isso ia dar", revelou.

    "Quando percebi tinha escrito um romance político. Essa não foi a minha intenção, foi uma coisa orgânica, mas aconteceu porque escrevi sobre as coisas que estavam ao meu redor, ou seja, a violência contra as mulheres, a guerra civil no Sudão, a guerra de Biafra. É um livro verdadeiro, mas que também tem magia", detalhou.

    Tida como uma das revelações da nova literatura argentina, Pola Oloixarac, que já esteve no Brasil participando da FLIP em 2011, falou sobre a sombra da ditadura no passado de seu país e de seu amor pelo Brasil. Revelou também como o seu amor pelas viagens a fez se tornar escritora. "Comecei a escrever dentro de um barco", contou. Acusada de escrever como homem, ela antecipou o enredo do próximo livro que está para lançar e que tem como ambientação algumas cidades brasileiras. "São cidades brasileiras que não conheço, e fala sobre relações sexuais entre argentinos e brasileiros que dão origem a uma nova raça suprema do futebol", antecipou.

    Filho de pai argentino, também amante das viagens e desbravador de outras culturas, o escritor e jornalista João Paulo Cuenca destacou a preciosidade do olhar emigrante. "Sou um estrangeiro em meu próprio país", admitiu. Confrontando a realidade brasileira, no que diz respeito à violência, com a dos países de seus amigos de mesa, causou polêmica ao criticar veemente a postura omissa do governo federal diante da truculência dos policiais. "Que democracia é essa em que a polícia de estado mata pobre e negro na periferia", contestou, sob aplausos calorosos.

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