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    Personagem ambíguo, Getúlio Vargas é desafio para atores

    GUILHERME GENESTRETI
    DE SÃO PAULO

    30/04/2014 02h03

    Facetas do personagem Getúlio Vargas exploradas por atores são contraditórias como a trajetória do político.

    Às vezes, surge um "caudilho gordinho sorridente", outras, "quase um dândi de terno branco e sapato bicolor", exemplifica Paulo Betti, 61, o Getúlio de "Chatô, o Rei do Brasil", filme não lançado de Guilherme Fontes.

    "A grande maravilha de interpretá-lo é essa ambiguidade, não é bonzinho, não é mauzinho, mas no geral tem carma positivo", afirma.

    Editoria de Arte/Folhapress

    A personalidade reservada de Vargas é um desafio para quem quer imitá-lo. "Só se ouve a voz dele em propagandas governistas, discursando com sotaque, puxando a letra L em 'Brasil'", lembra Betti.

    De família antigetulista, o ator Renato Borghi, 77, diz nunca ter entendido o carisma da figura. "Ele não empolgava pela oratória, mas sempre admirei a forma como aquele homem pequeno dominava um estádio inteiro."

    Para compor seu Getúlio, que aparece no longa "Lost Zweig" (2002), de Sylvio Back, Borghi diz ter se inspirado no teatro de revista.

    "Fiz o gestual que eu via os atores fazendo nas peças que eu assistia quando era criança: o charuto, a barriguinha."

    A falta de empatia foi a parte difícil. "Como Vargas nunca fez a minha cabeça ficava complicado construí-lo, dar razão a ele", diz Borghi.

    Um Vargas mais alegórico é o que aparece encarnado em Ricardo Blat, 63, no filme infantil "O Amigo Invisível" (2006), de Maria Letícia.

    O presidente é coadjuvante nessa história de uma menina cujo pai trabalha no Catete nos anos 1950. "Era um Getúlio envolto em esfera mágica, visto sob olhar de criança", segundo Blat, que construiu um Getúlio divertido, "um senhorzinho comum".

    Osmar Prado, 66, é especialista: foi Vargas no teatro, no documentário "Tancredo – A Travessia" (2011), de Silvio Tendler, e em "Olga" (2004), de Jayme Monjardim.

    Prado viveu o "Getúlio repressor, que mandou Olga, grávida, para os braços de Hitler", e "o enxadrista" que arquitetou o golpe para jogar a massa contra seus algozes: o suicídio. "Representei ele no auge e na derrocada. Estava na hora de passar a bola a outro intérprete", diz.

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