• Ilustrada

    Friday, 26-Apr-2024 21:24:15 -03

    Crítica: Musical 'Hedwig and the Angry Inch' é a peça mais original de NY

    TETÉ RIBEIRO
    EDITORA DA "SERAFINA"

    14/05/2014 02h02

    O mundo se divide entre pessoas que amam e as que detestam musicais. A segunda turma, pena, vai perder o melhor programa da atualidade em Nova York: uma noite com Hedwig e sua banda, The Angry Inch, com Neil Patrick Harris no papel principal.

    A emoção começa na porta do teatro Belasco, na Broadway, quando a fila de esquisitos espera, com ingresso na mão, a hora de entrar. Tem gente muito gorda, magra, de cabelos roxos, velhos, novos, drag-queens, travestis. Nada a ver com a plateia de colares de pérolas e blazers bem cortados que lota os teatros nova-iorquinos.

    A peça é um clássico off-Broadway de 1998. Escrita, dirigida e protagonizada por John Cameron Mitchell, virou o longa de mesmo nome lançado em 2001 (aqui, "Hedwig - Rock, Amor e Traição").

    Sara Krulwich/The New York Times
    O ator Neil Patrick Harris no musical 'Hedwig and the Angry Inch'
    O ator Neil Patrick Harris no musical 'Hedwig and the Angry Inch'

    Com músicas que fariam sentido no repertório de bandas como Blondie, The Velvet Underground, e mais ainda, de David Bowie, o musical conta a história tragicômica de Hedwig, um menino que nasceu no lado oriental da Berlim pré-queda do muro.

    Ele é levado aos EUA por um soldado americano, que impõe uma condição: uma operação de mudança de sexo. "Para ir embora, você precisa deixar algo para trás." A cirurgia não dá 100% certo, e ele acaba com um resto de carne no lugar do pênis, o "angry inch", ou "polegada raivosa".

    Nos EUA, é abandonado e começa a fazer músicas. Arruma um namoradinho jovem, Tommy Gnosis, que rouba seu repertório e vira estrela. Quando o público encontra Hedwig, ele faz um show caído em um bar de quinta, enquanto Tommy lança o disco novo.

    A nova montagem dá a Hedwig o que faltava na peça e no filme: um grande ator no papel principal. É Neil Patrick Harris, 40, o playboy de "Como Eu Conheci a Sua Mãe" ("How I Met Your Mother"), que acabou em fevereiro após nove temporadas.

    Desde a estreia da série com que estourou, ele já saiu do armário, casou-se com o ator, roteirista e chef David Burtka, teve gêmeos com ajuda de uma barriga de aluguel, fez uma série musical de web brilhante, "Dr. Horrible's Sing-Along Blog" (2008) e, como apresentador, fez do prêmio Tony um ótimo programa de TV -em 2014, concorre favorito como melhor ator.

    Mas corria o risco de virar o artista gay bonzinho, tipo uma Ellen DeGeneres sem programa vespertino. "Hedwig" muda tudo: ousado, irônico, arriscado e com uma voz linda, Neil é o melhor ator de musical em atividade, ponto.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024