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    Crítica: Em filme, Scarlett Johansson parece ser mesmo de outro mundo

    THALES DE MENEZES
    EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

    15/05/2014 02h03

    Scarlett Johansson fazendo papel de uma alienígena tem lá sua lógica. Sob certos aspectos, ela parece mesmo ser de um outro mundo.

    A escalação de uma mulher tão deslumbrante é mais do que um capricho em "Sob a Pele"; é uma necessidade.

    O filme, silencioso e com ritmo lento, é tão centrado na personagem que acaba sendo conduzido por closes longos e estáticos de seu rosto.

    Divulgação
    A alienígena Laura (Scarlett Johansson), se despe durante a sedução de uma de suas vítimas
    A alienígena Laura (Scarlett Johansson), se despe durante a sedução de uma de suas vítimas

    Lembra longas britânicos de ficção científica dos anos 1970, de diretores como Robert Fuest e Nicolas Roeg. Compartilha com eles a falta de preocupação em dar explicações sobre fenômenos estranhos e atividades de aliens.

    O importante é contar uma boa história, sem rechear a trama com cientistas prontos a mastigar para o espectador as origens dos extraterrestres, como adoram os americanos.

    Quem assistir a "Sob a Pele" acreditando em um filme com começo, meio e fim pode se decepcionar. Trata-se de uma experiência visual impactante, construída sobre um fiapo de roteiro.

    Scarlett interpreta uma garota, Laura, que percorre cidades da Escócia caçando homens. Na sequência inicial do filme, num fundo branco infinito que remete a imagens de vários clássicos de ficção científica, como o "2001" de Kubrick, fica entendido que ela não é humana.

    Em sua jornada, Laura prefere homens solitários —contar que tem uma família é a salvação de alguns que ela cogita capturar- e seduz as vítimas com uma aproximação carinhosa, nada descaradamente sexual.

    Leva seu escolhido a um quarto misterioso que mais parece uma grande piscina de líquido preto, na qual vai ser devorado, sabe-se lá como. As cenas nesse cenário bizarro, belas e intrigantes, poderiam ser parte de um videoclipe da cantora Björk.

    O diretor inglês Jonathan Glazer não tem a mínima pressa. Mostra repetidas caçadas da moça e vai expondo a cada nova sequência um pouco mais de seu ritual de captura e morte. Aos poucos, o "método" da alienígena fica mais claro.

    Com isso, são várias as cenas em que Scarlett se despe para suas presas. É incomum um filme com uma atriz que tem o prestígio dessa americana de 29 anos exibir tanta nudez de sua protagonista.

    "Sob a Pele" só vai aumentar a aura de símbolo sexual de Scarlett, com seu corpo bonito e natural que foge dos padrões magérrimos ou sarados das bonitonas atuais. Parece desprezar malhação.

    Essa beleza estonteante só não pode encobrir o sofisticado e atraente filme de ficção científica que é "Sob a Pele", que reserva alguma violência para seu desfecho.

    SOB A PELE
    (UNDER THE SKIN)
    DIREÇÃO Jonathan Glazer
    PRODUÇÃO Inglaterra, 2013
    ONDE Villa-Lobos Cinemark e circuito
    CLASSIFICAÇÃO 18 anos
    AVALIAÇÃO ótimo

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