A São Paulo Companhia de Dança estreará a temporada 2014 um dia antes da abertura da Copa apostando na força de um grande clássico.
"La Sylphide", obra do século 19 escolhida para abrir as apresentações em São Paulo, é considerado o primeiro grande balé romântico.
É também a primeira coreografia feita para sapatilhas de ponta e a que inaugurou o uso do tutu, a saia de tule branco que virou símbolo da bailarina clássica.
Raquel Cunha/Folhapress | ||
Bailarinas da São Paulo Companhia de Dança ensaiam 'La Sylphide' na sede da companhia, em São Paulo |
"Como acontece com óperas ou musicais famosos, o público deseja muito ver essas obras ao vivo", diz Inês Bogéa, diretora do grupo.
No ano passado, a companhia teve em outro clássico, "Romeu e Julieta", um dos maiores sucessos de sua trajetória, com todas as sessões lotadas. A temporada 2014 começa com mais um recorde: o número de assinaturas para a programação completa passou de 433 em 2013 para 783 neste ano.
SÍLFIDE
A obra que marcou o início do romantismo na dança foi criada em 1832, pelo italiano Filippo Taglioni (1777-1871), mas a versão agora remontada pela SPCD é a de August Bournonville (1805-79), feita em 1836 para o Balé Real da Dinamarca.
"La Sylphide" é uma das poucas coreografias que se mantiveram intactas com o passar dos anos.
"Em uma época em que não havia um bom sistema de registro da dança, o balé da Dinamarca foi passando a obra de geração à geração, como na tradição oral", diz o coreógrafo argentino Mario Galizzi, que assina a remontagem paulista.
A história usa a estrutura dos contos de fadas e elementos de mitologias pré-cristãs, uma linguagem que se tornou pop em séries como "Game of Thrones".
Mas a sílfide, espírito feminino do ar para os celtas, não trata de conflitos de guerra ou combates mortais. Tudo gira em torno do velho e bom amor impossível.
"Este balé sobrevive ao tempo por falar de desejo, vingança e triângulo amoroso, temas que continuam atuais", diz Bogéa.
Tecnicamente, é uma obra difícil. "A coreografia é muito detalhista, parece um bordado com pés ultravelozes e o corpo sempre em ligeiro desequilíbrio, como se as moças estivessem levitando", conta Galizzi.
Outra característica é o uso de efeitos especiais que fazem bailarinas voarem (mesmo) ou surgirem e sumirem do palco num passe de mágica.
"Ser romântico parece meio kitsch, mas todo mundo quer algo que o suspenda da realidade cotidiana para viver o sonho de um mundo ideal", diz Galizzi.
LA SYLPHIDE
QUANDO de 11/6 a 22/6; qua., qui. e sáb., às 21h; sex., às 21h30; dom., às 18h (não haverá espetáculo nos dias 12 e 18)
ONDE Teatro Sergio Cardoso, r. Rui Barbosa, 153, Bela Vista, tel. (11) 3288-0136
QUANTO R$ 25
CLASSIFICAÇÃO livre