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    'Não trabalho com diretor ruim', diz atriz francesa Isabelle Huppert

    GUILHERME GENESTRETI
    DE SÃO PAULO

    03/06/2014 03h43

    "Levante um pouco a câmera. E essas luzes, vão ficar aí?"

    Sentada numa poltrona no saguão de um hotel cinco estrelas em São Paulo, a atriz francesa Isabelle Huppert, 61, dá ordens para a equipe de filmagem que acompanha a entrevista. "Mas aqui é impossível de conversar: passa muita gente, me atrapalha."

    Recordista em indicações ao César —o Oscar do cinema francês—, tendo disputado o prêmio 14 vezes em 38 anos, a atriz carrega a fama de ter um temperamento difícil no set.

    "Não faço filme com diretor ruim", diz à Folha. "O que faz um bom diretor? É um misto de intuição e técnica. É quem sabe posicionar a câmera no lugar certo para que a cena expresse algo específico."

    Karime Xavier/Folhapress
    Atriz francesa Isabelle Huppert no saguão de um hotel nos Jardins, em São Paulo
    Atriz francesa Isabelle Huppert no saguão de um hotel nos Jardins, em São Paulo

    Em abril, ela veio a São Paulo para o Festival Varilux de Cinema Francês, que exibiu o drama "Uma Relação Delicada", de Catherine Breillat, que estreou no último dia 22.

    No filme, ela interpreta uma cineasta que sofre um acidente vascular cerebral e perde parte dos movimentos. "Sou um cadáver pela metade", diz a personagem, mancando e com punho cerrado.

    No longa, inspirado no caso real vivido pela diretora do filme, a protagonista conhece Vilko (o rapper francês Kool Shen), um vigarista cheio de si. Ela vê nele o tipo ideal para seu próximo filme, mas passa a ser chantageada pelo escroque, que se aproveita de sua debilidade física.

    "É mais uma dependência mútua do que unilateral", diz Huppert. "Ela está fraca, mas o domina intelectualmente."

    A atriz foi a primeira escolha para o papel. "É a mais intelectual das atrizes francesas", diz a diretora. "Eu sabia que ela me surpreenderia."

    "O enfrentamento foi violento", conta Breillat. "Nos confrontamos por dois dias para determinar o papel de cada uma. A autora sou eu, ela tinha que se dobrar a essa hierarquia."

    Colaborou ÚRSULA PASSOS, de São Paulo

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