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    Obras da galeria Luisa Strina são barradas pela Receita Federal

    SILAS MARTÍ
    DE SÃO PAULO

    10/06/2014 15h20

    Cerca de 50 obras de arte que seriam vendidas pela galeria paulistana Luisa Strina na feira Art Basel, em Basileia, estão presas na alfândega em Guarulhos, impedidas de sair do país pela Receita Federal. Entre as peças, há trabalhos de Cildo Meireles, Mira Schendel, Marepe, entre outros.

    Segundo a galerista Luisa Strina, o fiscal da aduana estranhou a discrepância de valores entre o preço de uma obra declarada no Imposto de Renda da galerista e seu valor de mercado. Uma peça de Cildo Meireles comprada nos anos 1990 por US$ 3.000 hoje, segundo Strina, poderia valer US$ 200 mil.

    "É implicância do fiscal", disse Strina à Folha. "Ele acha que isso é lavagem de dinheiro, que estou inventando essa valorização."

    Com o atraso no envio das obras, será difícil que os trabalhos cheguem a Basileia, onde acontece a maior feira do mundo com cerca de 300 galerias, até terça (17), quando o evento abre para convidados.

    "Nada vai sair do Brasil", diz Strina. "Estou pegando obras na Europa para tentar pôr alguma coisa no meu estande. É um absurdo a gente ter de trabalhar desse jeito."

    De acordo com Celso Grisi, advogado de Strina, a galeria cumpriu com todas as exigências e entregou a documentação a tempo para fazer a exportação, mas um fiscal aduaneiro barrou o despacho das obras.

    "É a primeira vez que isso acontece", diz Grisi. "A exportação não é tributada, então a Luisa coloca o valor de mercado da obra que está sendo exportada. Você não vai ser tributado na Receita pela exportação. É isso que a gente acha que o fiscal vê de maneira torta. Ele não entende como é possível uma obra estar sendo exportada por R$ 1 milhão, mas tem valor inferior no Imposto de Renda. Esse fiscal montou um verdadeiro circo."

    Procurada pela reportagem, a Receita Federal afirmou que não comenta casos em andamento.

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