• Ilustrada

    Wednesday, 15-May-2024 12:07:48 -03

    Crítica: Lana Del Rey soa falsa em novo disco 'Ultraviolence', mas funciona

    ANDRÉ BARCINSKI
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    27/06/2014 02h51

    Lana Del Rey, Sofia Coppola, Amy Winehouse, Spike Jonze, Danger Mouse...

    Alguns dos artistas mais interessantes e cultuados dos últimos anos, tanto na música quanto no cinema, fizeram suas carreiras mimetizando o passado, trazendo velhas influências e lhes dando uma roupagem nova, um ar de modernidade hipster que torna tudo "cool" e atual.

    Esses talentos da geração YouTube têm a história do pop à disposição com um clique, e sabem usá-la.
    Lana Del Rey é uma dessas "esponjas".

    Sua música é derivativa; ouça qualquer de suas canções e tente descobrir a origem —musicais hollywoodianos, pop californiano dos anos 1970, soft-rock, Nancy Sinatra, hip hop, o pop psicodélico de Lee Hazlewood.

    Neil Krug/Efe
    A cantora americana Lana Del Rey, que está lançando seu terceiro disco
    A cantora americana Lana Del Rey, que está lançando seu terceiro disco

    Mas tudo é tão bem feito e embalado em um pacote modernoso que acaba soando original (não podemos esquecer que até virar "cult" nas mãos do diretor Quentin Tarantino, que a colocou na trilha do filme "Kill Bill", Nancy Sinatra era exemplo de "kitsch" sessentista).

    CD
    Ultraviolence [Deluxe]
    Lana Del Rey
    Ultraviolence [Deluxe]
    Comprar

    "Ultraviolence", terceiro disco de Lana Del Rey, é uma coleção de baladas lânguidas e etéreas, com letras espertas sobre meninas fortes que sofrem e fazem sofrer.

    Lana sabe escrever canções com uma pitada de perigo, usando referências escolhidas a dedo —uma menção a Lou Reed aqui ("Brooklyn Baby"), uma versão de balada lacrimosa cantada por Nina Simone acolá ("The Other Woman"), títulos como "Mundo Cruel" e "Trepei para Chegar ao Topo".

    O resultado é mais um disco maquiavelicamente ousado, que faz Lana parecer uma dessas "chanteuses" malditas, como Nico ou a citada Nina Simone. Falso? Pode ser, mas funciona.

    Oito das 11 faixas do disco foram produzidas por Dan Auerbach, guitarrista e vocalista do grupo Black Keys, que está se revelando um artesão pop de primeira, com excelentes trabalhos em discos de Dr. John ("Locked Down") e do guitarrista africano Bombino ("Nomad").

    Em "Ultraviolence", ele acertou a mão de novo.

    ANDRÉ BARCINSKI é jornalista e diretor do programa "O Estranho Mundo de Zé do Caixão", no Canal Brasil

    ULTRAVIOLENCE
    ARTISTA Lana Del Rey
    GRAVADORA Universal
    QUANTO R$ 28, em média
    AVALIAÇÃO bom

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024