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    Livro analisa explosão da música pop nos anos 1970

    MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
    DE NOVA YORK

    01/08/2014 02h00

    Em 1973, um objeto não identificado pousou no topo das paradas de sucesso do Brasil. O LP trazia na capa as cabeças maquiadas e decepadas de quatro figuras andróginas, servidas em bandejas.

    Secos & Molhados foi o primeiro álbum de estreia a liderar a principal lista de mais vendidos, desbancando os pesos-pesados da época. À frente da banda, um cara de 32 anos chamado Ney Matogrosso, voz aguda e figurino sumário, mas extravagante. Na descrição do jornalista e crítico André Barcinski, "misturava rock, psicodelia, música caipira, violões folk à Bob Dylan e canção portuguesa, tudo embalado em estética glam, com integrantes de rosto pintado, parecendo personagens do kabuki, vertente do teatro japonês".

    Barcinski lança nesta sexta (1º), na Flip, "Pavões Misteriosos", que se debruça sobre um período movimentado, mas pouco esmiuçado da música no país: de 1973 a 1983. De Secos & Molhados a "Menina Veneno", de Ritchie, que prenunciou a onda do rock nacional, o BRock.

    Folhapress
    Rita Lee em show; a imagem (sem data) faz parte do livro 'Pavões Misteriosos
    Rita Lee em show; a imagem (sem data) faz parte do livro 'Pavões Misteriosos'

    Às 17h, na Casa Folha, haverá encontro do autor com o cantor Guilherme Arantes, sob mediação do jornalista da Folha Ivan Finotti.

    "Nesse período a música jovem dominou o país. Antes, a música romântica prevalecia. Foi só depois do milagre econômico que a indústria musical brasileira se desenvolveu de verdade: a venda de discos multiplicou por dez em uma década e o público se tornou mais numeroso e mais jovem", diz o autor.

    Livro
    Pavões Misteriosos
    André Barcinski
    Pavões Misteriosos
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    Barcinski conta que começou a fazer o livro a partir da questão que sempre o intrigou: "Por que tantos discos bons foram lançados no Brasil na primeira metade da década de 70? É só ver a lista: Secos & Molhados, Raul Seixas, Novos Baianos, Roberto, Erasmo, Jorge Ben, Caetano, Guilherme Arantes...".

    Na mesma época, lembra ele, "as rádios FMs se popularizaram, os discos com trilhas de novelas se tornaram o 'motor' da indústria musical, o jabá se 'profissionalizou', a discoteca explodiu, a onda de 'covers' se espalhou pelo país e as gravadoras descobriram o filão infantil com A Turma do Balão Mágico".

    "Pavões Misteriosos", cujo título é referência ao sucesso de Ednardo, de 1976, passa por todos esses assuntos. O livro não adota como critério as preferências pessoais ou algum tipo de seleção crítica do autor. Barcinski seguiu as pegadas do sucesso, num momento em que o mercado e a indústria fonográfica prosperavam no país.

    "Um cuidado que precisei ter foi não dar importância demasiada a meus artistas prediletos, mas que não venderam nada na época. Amo os discos do Walter Franco, por exemplo, mas não vendiam 10 mil cópias", explica.

    O leitor percorre um eclético pot-pourri de estrelas, da MPB ao brega. E leva de brinde a lista de 50 LPs relevantes daqueles tempos.

    Baseada em pesquisas e entrevistas (65 ao todo), a obra segue ordem cronológica, com capítulos para cada ano. Barcinski explora bastidores da indústria, trazendo à luz curiosidades e personagens importantes.

    Fica um gosto de "quero mais". Planos de um livro sobre o BRock? "Não. Já existem ótimos livros sobre BRock, e não gosto tanto da música do período. A ideia foi contar a história da turma que tornou o BRock possível."

    PAVÕES MISTERIOSOS
    AUTOR André Barcinski
    EDITORA Três Estrelas
    QUANTO R$ 42 (239 págs.)

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