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    Cineasta João Jardim exibe lares fora do padrão em 'Família É Família'

    VITOR MORENO
    DE SÃO PAULO

    27/08/2014 12h41

    Os novos arranjos familiares estão no centro de "Família É Família", que o canal pago GNT estreia nesta quarta-feira (27). A produção acompanha o cotidiano de famílias que fogem do padrão "papai, mamãe, filhinhos" em diferentes regiões do Brasil.

    A série documental é um desdobramento do "Novas Famílias", exibida em 2012 pelo mesmo canal. Foi o diretor João Jardim (de "Janela da Alma" e "Lixo Extraordinário", entre outros) quem percebeu que o título não fazia mais jus ao programa, uma vez que as novas configurações são cada vez mais comuns.

    "O título pressupunha uma coisa nova, e o que a gente mostra já está aí há alguns anos", disse em entrevista à Folha. "Você vê que cada vez mais as pessoas vão criando formas diferentes de ser felizes."

    O diretor diz que, apesar de não ter nenhum arranjo familiar fora do padrão, se interessou pelo tema porque a família é a base da sociedade. "É um trabalho que permite você entender como as coisas estão se organizando dentro dentro do Brasil hoje em dia", comenta. "O que o programa vai mostrar é que é possível de diversas maneiras, e não só daquela maneira que todo mundo espera que seja."

    Divulgação
    O casal Danny e Augusto com os filhos Lucas e Maria e o cineasta João Jardim durante as gravações do programa "Família É Família"
    O casal Danny e Augusto com os filhos Lucas e Maria e o cineasta João Jardim durante as gravações

    Entre as histórias contadas nos 13 episódios há a de uma mulher que gerou os filhos da cunhada, que havia perdido o útero em decorrência de um câncer, um casal homossexual que gerou filhos com uma barriga de aluguel, um pai que cuida sozinho dos filhos no interior da Bahia, um casal que adotou quatro irmãos e um ex-casal que mora no mesmo terreno com seus novos cônjuges.

    O programa também acompanha o Dia dos Pais na casa de Gaetano Lopes, ex-marido de Elba Ramalho. Os dois adotaram três filhas quando estavam juntos e tiveram filhos de outros casamentos. Todos se reúnem na ocasião.

    Jardim conta que foram cerca de quatro meses de pesquisa até chegar nos personagens e que a principal dificuldade não é encontrar histórias interessantes —ele diz ter conversado com cerca de 100 pessoas durante o processo.

    "Nem sempre elas conseguem contar de uma maneira que funcione para a TV. É um detalhe do trabalho, não diminui a história delas, mas dá uma pena danada", diz. "E o contrário também. Tem gente que fala muito bem, mas não tem uma experiência que seja relevante o suficiente para fazer um programa de televisão sobre ela."

    Para modificar o mínimo possível o cotidiano da família, o diretor diz que usa uma câmera pequena, microfones sem fio e iluminação natural. Ele passa de dois a três dias em cada casa.

    "A gente evita ao máximo montar um set e tenta ir conversando com as pessoas da maneira mais informal", explica. "Os personagens é que fazem o roteiro a partir do que acontece no cotidiano deles. Isso é fundamental para que dê certo."

    Apesar de ver um avanço na questão da aceitação, o diretor diz que os arranjos pouco tradicionais ainda não são entendidos por todos.

    "O preconceito está ali, não diminuiu. O que diminuiu é as pessoas se sentirem vítimas desse preconceito. As pessoas não se rendem mais a ele."

    NA TV
    Família É Família
    Estreia do programa
    QUANDO quarta (27), às 20h30, no GNT
    CLASSIFICAÇÃO 12 anos

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