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    Tumulto marca cinema em cemitério em SP

    GUILHERME GENESTRETI
    DE SÃO PAULO

    15/09/2014 02h21

    A última edição do Cinetério -maratona de filmes de terror exibidos no cemitério da Consolação na noite de sábado (13)- foi marcada por por um público cinco vezes maior do que o esperado pela organização do evento. Houve tumulto durante a sessão do primeiro longa da noite.

    Segundo a Secretaria Municipal de Cultura, mais de mil pessoas formaram fila para entrar na necrópole da região central de São Paulo. A capacidade era para 200 pessoas.

    Pouco antes de começar a sessão, às 23h, a fila já dobrava o quarteirão e continuava pela rua Sergipe, com quase 300 metros de extensão.

    Parte do público que não conseguiu entrar forçou o portão do cemitério por volta da meia-noite (o evento começou às 23h15), causando empurra-empurra com os seguranças. A confusão encerrou logo em seguida.

    "Está uma bagunça isso aqui. Não distribuíram senha", queixava-se o gerente João Bento, que dizia estar na fila há duas horas.

    "A gente não esperava essa quantidade de gente", disse Karen Cunha, diretora de eventos da Secretaria de Cultura. "A fila estava organizada até as 200 pessoas. Depois, ela não deveria mais existir."

    Ali dentro, um telão na frente da capela exibia os filmes para o público acomodado em cadeiras no corredor. Grades impediam o acesso aos túmulos. A maratona trouxe três longas brasileiros: "As Sete Vampiras" (1986), de Ivan Cardoso, "Ninfas Diabólicas" (1978), de John Doo, e "Excitação" (1977), de Jean Garrett.

    "É uma experiência meio transgressora", afirmou a professora aposentada Gulnara Scaf, 65, que só ficou para o primeiro filme. O promotor de eventos Valdenildo Morais, 24, disse que achou a programação mais "engraçada do que aterrorizante". "É uma coisa meio antigona, né?"

    De chapéu preto, capa, camisa vermelha e amuleto, o artista e satanista Toninho do Diabo atendia aos pedidos de "selfies" do público. "Isso aqui é uma homenagem a todos os que são do além. Há almas por todas as partes aplaudindo nesse santo momento", afirmou empunhando a capa.

    SEM PROTESTOS

    O Cinetério, que existe desde 2007, teve sua primeira edição na Consolação. Nas outras, o evento foi feito no cemitério de Vila Nova Cachoeirinha, zona norte da cidade.

    Ao ser anunciado, na semana passada, a sessão gerou protestos entre familiares de pessoas enterradas ali, tal como antecipado pela Folha. Os parentes se diziam desrespeitados pela exibição dos filmes de terror e reclamavam da ocorrência de furtos no local.

    Presente no evento, o secretário municipal de Serviços, Simão Pedro, disse que tomou medidas para coibir os crimes, com iluminação e instalação de um ponto da Guarda Civil Metropolitana no cemitério.

    A reportagem tentou entrar em contato com o engenheiro Marcos Ambrogi, que havia anunciado que distribuiria folhetos em protesto contra a realização do evento no cemitério, mas ele não atendeu os telefonemas até a tarde de domingo (13).

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