• Ilustrada

    Thursday, 25-Apr-2024 08:03:55 -03

    Mostra recupera mulheres fatais interpretadas por Marlene Dietrich

    MARCO RODRIGO ALMEIDA
    DE SÃO PAULO

    17/09/2014 13h16

    Ninguém no cinema despedaçou mais corações masculinos do que Marlene Dietrich.

    Por cerca de 30 anos a atriz alemã (1901-1992) interpretou quase invariavelmente mulheres que faziam dos homens gato e sapato, capazes de tirar dos trilhos mesmo os mais respeitáveis cidadãos.

    Essa longa história de sedução será exibida a partir desta quarta (17) no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo. A retrospectiva terá 25 dos principais filmes da atriz, compreendendo um período entre 1929 e 1961.

    Dietrich começou a atuar no cinema em 1919. Por uma década teve papéis de pouco destaque em filmes hoje praticamente esquecidos.

    A sorte começou a mudar em 1930, com o lançamento de "O Anjo Azul", filme que fez da atriz uma sensação internacional.

    Neste clássico expressionista do cineasta austríaco Josef von Sternberg (1894-1969), Dietrich interpretou a dançarina de cabaré Lola Lola, sedutora que arrasa a vida de um reputado professor (Emil Jannings).

    Nascia ali, já completamente lapidado, o mito de "vamp", mulher fatal de reputação pra lá de duvidosa, tão perigosa quanto irresistível.

    Sternberg foi o criador da "persona Dietrich" nas telas. Biografias contam que ele dirigia cada gesto da musa com rigor tirânico.

    Eles foram amantes por alguns anos e, após o sucesso de "O Anjo Azul", fizeram mais seis filmes juntos, nos Estados Unidos: "Marrocos" (1930), "Desonrada" (1931), "O Expresso de Shanghai" (1932), "A Vênus Loura" (1932), "A Imperatriz Vermelha" (1934) e "Mulher Satânica" (1935).

    Em conjunto, esses sete filmes são considerados o auge da carreira de Dietrich nas telas. Serão os únicos da retrospectiva com cópia em película —os demais serão exibidos em DVD ou Blu-ray.

    Fora a qualidade artística de cada um deles, os longas impressionam pelo comportamento de Dietrich, muito ousado para a época.

    Em "Marrocos", por exemplo, ela, trajada de smoking e cartola, paquera e beija outra mulher na boca durante uma apresentação musical.

    "Ela sempre foi uma mulher muito moderna, transgressora. Não tinha receio de expor a própria sexualidade. Hoje é até difícil perceber o quanto foi emancipada para a época", diz o curador da mostra, o alemão Arndt Roskens.

    Embora nunca mais tenha tido uma parceria tão frutífera com outro diretor depois de Sternberg, Dietrich trabalhou com vários dos grandes do cinema.

    Com Ernst Lubitsch (1892-1947), por exemplo, pôde se exercitar no campo das comédias sofisticadas em "Anjo" (1937). Foi dirigida ainda por Raoul Walsh (1887-1980), Billy Wilder (1906-2002), Alfred Hitchcock (1899-1980), Orson Welles (1915-1985).

    Com Fritz Lang (1890-1976) teve um breve e tumultuado romance. Lang era tão genioso quanto Sternberg, e Dietrich não ficava muito atrás.

    Dietrich também provocou suspiros no escritor Ernest Hemingway (1899-1961) e, comenta-se, até mesmo em Adolf Hitler (1889-1945).

    Hitler, por sinal, também deve ter ficado de coração partido. Dietrich recusou-se a voltar a filmar na Alemanha, tornou-se cidadã norte-americana em 1937 e apoiou as tropas aliadas na luta contra os nazistas durante a Segunda Guerra, visitando e cantando para os soldados na Europa.

    DESTAQUES DA MOSTRA

    "O Anjo Azul" (1930)
    Direção Josef von Sternberg
    Quando Hoje (17), às 19h; 27/9, às 16h; 2/10, às 19h

    > A atriz tornou-se um mito do cinema ao interpretar Lola Lola, uma sensual e perigosa dançarina de cabaré. Primeira parceria com Sternberg

    "Marrocos" (1930)
    Direção Josef von Sternberg
    Quando 20/9, às 16h; 22/9, às 17h; 25/9, às 19h

    > A estreia nos EUA traz uma cena muito ousada para a época: Dietrich, de smoking e cartola, beija outra mulher na boca

    "A Mulher Satânica" (1935)
    Direção Josef von Sternberg
    Quando Hoje (dia 17), às 19h; 24/9, às 17h; 27/9, às 18h

    > O título diz tudo - Dietrich enreda dois amigos em uma teia de ciúme, loucura e obsessão

    "Anjo" (1937)
    Direção Ernst Lubitsch
    Quando 21/9, às 14h; 3/10, às 17h; 16/10, às 19h

    > Neste longa dirigido por Lubitsch, mestre da comédia, a atriz interpreta uma mulher insatisfeita que se apaixona pelo amigo do marido

    "Pavor nos Bastidores" (1950)
    Direção Alfred Hitchcock
    Quando 21/9, às 18h; 11/10, às 14h; 20/10, às 19h

    > Dietrich é uma famosa atriz que pode ou não ter matado o marido neste filme do mestre do suspense

    "O Diabo Feito Mulher" (1952)
    Direção Fritz Lang
    Quando 20/09, às 18h; 10/10, às 16h; 15/10, às 17h

    > Dietrich teve um breve romance com Lang durante o trabalho, mas terminaram as filmagens sem falar um com o outro

    "Testemunha de Acusação" (1957)
    Direção Billy Wilder
    Quando 26/9, às 19h30; 18/10, às 16h

    > Receita imbatível: história de Agatha Christie, direção de Wilder e Dietrich no papel de uma mulher de moral duvidosa

    "A Marca da Maldade" (1958)
    Direção Orson Welles
    Quando 27/9, às 13h30; 1º/10, às 19h; 17/10, às 19h

    > Papel pequeno, mas marcante, no noir do diretor de "Cidadão Kane"

    MARLENE
    ONDE Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo (rua Álvares Penteado, 112; tel. 0 xx 11 3113-3651)
    QUANDO de hoje (17) a 20/10
    QUANTO R$ 4
    PROGRAMAÇÃO confira em www.culturabancodobrasil.com.br

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024