Segundo uma pesquisa realizada no ano passado, 42% dos brasileiros não praticam atividades culturais com frequência. O dado faz parte do relatório "Panorama Setorial da Cultura Brasileira", segunda edição do projeto idealizado pela pesquisadora Gisele Jordão, professora da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) em São Paulo, e coordenado por Jordão e Renata Allucci, produtora cultural.
A pesquisa, realizada pelas empresas 3D3 e MC15, foi aplicada pelo Ibope em 74 municípios do Brasil, com 1.620 entrevistados entre 16 e 75 anos, de outubro a novembro de 2013. A margem de erro é de 2,4%, para mais ou para menos.
Entrevistados responderam à pergunta sobre a quantidade de vezes que praticaram uma atividade cultural no último ano. As respostas deram origem à divisão dos entrevistados em quatro perfis diferentes: o não consumidor (42% da população), o consumidor de cinema (33%), o consumidor de festas (15%) e o praticante cultural (10%).
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O não consumidor é aquele que fica muito abaixo da média nacional no consumo ou frequência de todas as atividades ou espaços citados na entrevista: cinema, festas regionais, livrarias, bibliotecas, musicais, espetáculos de dança, shows, museus etc.
Nesse grupo, há maior incidência de maiores de 55 anos, de casados e de entrevistados com filhos maiores de 18 anos, bem como de aposentados e de quem frequentou mais de uma vez no ano alguma atividade religiosa.
O consumidor de cinema é quem frequenta uma sala de exibição mais que a média da população: 93% dos pertencentes a esse grupo responderam ter ido ao cinema ao menos uma vez no último ano, ante a média nacional de 39% (em parte das outras práticas culturais, o consumidor de cinema fica abaixo da média da população). Há no grupo maior incidência de moradores do Sul, de jovens de 16 a 24 anos e de pertencentes à classe B.
O consumidor de festas também supera a média nacional nesse quesito: 63% responderam ter ido a festas ante a média de 21% da população. Há maior incidência de pessoas das regiões Norte e Nordeste e de homens com renda familiar entre um e dois salários mínimos.
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O praticante cultural supera a média nacional em todos os quesitos. Ou seja, ele vai mais ao cinema, a lojas de CDs e DVDs, museus e galerias, entre outros, do que a média da população. O grupo é composto por mais gente da classe A e das regiões Nordeste e Sudeste.
"O praticante cultural é aquele que teve muito incentivo, da escola e da família, quando criança", diz Jordão.
A pesquisa custou R$ 327,6 mil, montante incentivado via Lei Rouanet, principal mecanismo do país de incentivo fiscal à cultura. O estudo pode ser baixado gratuitamente pelo site http://panoramadacultura.com.br/.