A superprodução americana "The Eternal City" (cidade eterna), realizada em 1923 na Itália e que traz o ditador Benito Mussolini (1883-1945) entre os protagonistas, foi exibida pela primeira vez em várias décadas nesta terça-feira (7), no Festival de Cinema Mudo de Pordenone.
Rodado na capital um ano antes da "Marcha sobre Roma", que levou o fascista Mussolini ao poder, o filme foi dirigido por um judeu polonês sob o pseudônimo de Samuel Goldwyn e pretendia contar como era a vida italiana.
Segundo o jornal "Il Messaggero", o longa, que passou muitos anos perdido —provavelmente por enaltecer o ditador—, foi encontrado recentemente nos arquivos do Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMa, pela pesquisadora italiana Giuliana Muscio.
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Cartaz do filme 'The Eternal City', que tem o ditador italiano Mussolini no elenco |
Foram salvos apenas 28 minutos de filmagem e muitas imagens de "Il Duce", consideradas valiosas do ponto de vista histórico, segundo o jornal romano.
"Dão a ideia do encontro entre Hollywood, com seu poder de sedução, e um ditador que intuía claramente a arma poderosa que o cinema, que acabava de nascer, seria", destacou o jornal.
De acordo com Muscio, os desfiles fascistas da época eram grandes espetáculos, como se tivessem sido concebidos para o cinema, e o anticomunismo do chefe de Estado italiano seria visto como uma garantia de segurança pelos americanos.
"Em 1923, um filme que glorificava Mussolini e o fascismo não significava para Hollywood uma tomada de posição desconcertante como parece hoje em dia", explicou a pesquisadora.
O filme, que não chegou a ser exibido na Itália, foi recebido com entusiasmo nos Estados Unidos, onde a comunidade italiana organizou manifestações de celebração.
Benito Mussolini comandou a Itália de 1924 até o fim da Segunda Guerra Mundial, quando foi derrotado junto com a Alemanha nazista de Adolf Hitler —acabou sendo morto em 1945 e teve seu corpo pendurado e linchado pela população nas ruas de Roma.