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    Análise: Apresentador do Oscar é boa nova para 2015

    TETÉ RIBEIRO
    EDITORA DA "SERAFINA"

    19/10/2014 02h35

    O próximo Oscar era para ser apresentado por Tina Fey e Amy Poehler, duas das comediantes mais ousadas e surpreendentes dos nossos tempos, e que mostraram, nos últimos dois Globos de Ouro, que sabem o que estão fazendo. E mais: são mulheres, com mais de 40 anos e nenhum grande atrativo físico. Gente normal, só que melhor.

    Se a apresentação do prêmio mais importante do cinema tivesse a mesma bolsa de apostas dos indicados, a dupla seria certamente favorita. Mas foi Neil Patrick Harris, o Barney da série "How I Met Your Mother", o escolhido.

    Se você fez cara de decepção agora, disfarce enquanto ainda dá tempo. Neil Patrick Harris é a melhor notícia que vamos ter este ano em relação a algo que acontecerá em 2015. E sim, estou incluindo as chuvas de verão na previsão.

    Gary Hershorn/Reuters
    Ao lado do ator Hugh Jackman, Neil Patrick Harris (dir.) dança durante a cerimônia de entrega do prêmio Tony, em 2011
    Ao lado do ator Hugh Jackman, Neil Patrick Harris (dir.) dança durante a cerimônia de entrega do prêmio Tony, em 2011

    O ex-ator mirim, protagonista da série "Tal Pai, Tal Filho" (1989-1993), estreou aos 15 anos no cinema e aos 16 na TV. Depois, passou o resto dos anos 1990 e começo dos 2000 trabalhando muito, mas sem destaque. Foi para aquele universo paralelo em que vão as crianças famosas quando crescem e não ficam lindas.

    Acabou resgatado por dois maconheiros aloprados, a dupla Harold e Kumar, do filme "stoner" "Madrugada Muito Louca" (2004), que o convidou para interpretar uma versão loucona e drogada dele mesmo. Neil fez isso como o ator talentoso, disciplinado e levemente sem juízo que é: com verdade, sem rede de proteção. Aí, o mundo acordou.

    No ano seguinte, estreou na série "How I Met Your Mother". Em 2008 e 2011, os chapadões étnicos (Harold, na verdade John Cho, é coreano e Kumar, Kal Penn, é filho de indianos) fizeram continuações e lá estava ele de novo.

    PUNK ROCK

    E quem não tinha despertado até agora teve sua chance no primeiro semestre de 2014, com a interpretação brilhante dele na peça "Hedwig and the Angry Inch", na Broadway.

    Ali, no musical punk rock, Neil encarnou o jovem alemão obrigado a mudar de sexo para se casar com um soldado americano e mostrou que não é apenas um bom menino que sabe cantar. É um grande artista que também funciona como apresentador.

    Este ano, quem viu o Oscar deve se lembrar do número de abertura. Era ele, de blazer brilhante no palco, com cara de perdido, perguntando: "O que eu tô fazendo aqui?". A piada era para os insiders dos prêmios americanos, que sabiam que ele tinha sido o apresentador de vários Tonys, o Oscar da Broadway, e dois Emmys, o prêmio das TVs. Chegou até a ganhar um Emmy pela apresentação do Tony.

    Números de abertura, aliás, ele costuma fazer dos melhores nessas apresentações em que se dá bem quem chama alguma atenção para si, mas não muita.

    A do Tony de 2013 é um clássico instantâneo. Está no YouTube e tem até Mike Tyson no coro da música "Bigger, Better", que ele interpreta, dançando, fazendo piada e até tocando um violãozinho.

    Abertura ostentação. 2015, afinal, pode ser bom.

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