Em 2004, três anos antes do lançamento da primeira geração do iPhone, Steve Jobs propôs ao americano Walter Isaacson que escrevesse uma biografia sua. O pedido foi considerado presunçoso pelo escritor, que já havia documentado a vida de Benjamin Franklin e a de Albert Einstein.
Isaacson, 62, mudou de ideia quando descobriu, pouco tempo depois, que o fundador da Apple sofria de um câncer no pâncreas.
Sete anos mais tarde —e três semanas depois de Jobs ter sucumbido à doença—, "Steve Jobs" (Companhia das Letras) chegou às livrarias e, no primeiro fim de semana, vendeu 379 mil exemplares nos EUA. No Brasil, foram 310 mil cópias desde 2011.
Reprodução/IAS/Computer History Museum | ||
Von Neumann com o computador que criou nos anos 1940 |
Os Inovadores |
Walter Isaacson |
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Agora, o escritor volta ao biografado e pesquisa outras personalidades na obra "Os Inovadores: Uma Biografia da Revolução Digital", lançada nesta quinta (30) pela Companhia das Letras. Ele vai além –séculos além– para explicar nossa relação com computadores.
"Escrevi o livro para mostrar que inovadores costumam ter estilos e talentos diferentes", disse por telefone à Folha. "Há alguns traços em comum, como o questionamento das autoridades, a rebeldia e uma propensão nata a assumir mais riscos."
Fruto de 15 anos de pesquisas, a narrativa trata de figuras como John Von Neumann, o sujeito da foto acima, que trabalhou no desenvolvimento da bomba atômica, foi coautor da teoria dos jogos e do primeiro computador digital, nos anos 40, contemporaneamente a Alan Turing —também biografado.
LINDAS ENGENHOCAS
Para Isaacson, a capacidade de mesclar artes criativas à tecnologia tornou significantes as invenções dos personagens que retrata.
"Raramente a boa engenharia por si só é bem-sucedida. Steve [Jobs] nos ensinou isso: a beleza importa", diz. "O iPod não foi o primeiro tocador de música, mas era um dispositivo lindo, que desejávamos ter em nossos bolsos."
Isaacson vê a imprescindibilidade do belo como parte da cultura brasileira e considera este um terreno fértil para o florescimento de invenções transformadoras.
"Há criatividade não só nas artes de vocês, mas há também ótimos engenheiros", diz. "Tecnologia e criatividade artística são uma mescla perfeita para inovadores."