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    Doce para os amigos, Ana Paula Arósio é instável segundo diretores

    GUSTAVO FIORATTI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    02/11/2014 02h05

    Doce e linda são as palavras pouco surpreendentes que os conhecidos usam para definir a atriz Ana Paula Arósio. No universo artístico, há quem pense diferente.

    Dennis Carvalho, diretor da Globo, chamou-a de "desequilibrada" em uma entrevista à "Veja Rio", em 2013, comentando a saída de Arósio de sua novela três anos antes.

    Mas Vinicius Coimbra, que agora dirige a atriz no filme "A Floresta que se Move", ele próprio diretor da Globo, falou à Folha de seu interesse em trabalhar com Arósio na TV. "Ela é que não quer, por ora." Para Coimbra, Arósio "tem inteligência emocional marcante". "Você conversa algo muito complexo com ela e ela entende tudo na primeira frase", diz.

    A reputação de ser uma figura doce, compartilhada por amigos e colegas de trabalho, tem relação com o jeito simples da atriz. O bar em que Arósio foi vista algumas vezes, em Santa Rita do Passa Quatro, onde tem um haras, é daqueles que, além de cerveja gelada, vendem óleo e produtos de limpeza.

    "A Ana gosta de boteco", diz o paparazzo Marcelo Liso, que xeretou a vida da atriz por quase uma década, em trabalhos realizados sob encomenda de revistas de celebridades. "Ela nunca foi ligada em estrelismo", conclui.

    EUCALIPTO

    Aos amigos que convidou para a cerimônia de seu casamento, Arósio pediu que não comprassem presentes, mas uma muda de eucalipto em uma floricultura de Santa Rita do Passa Quatro.

    Entre 2000 e 2006, em sua fase de DJ eletrônico pop, a atriz podia ser encontrada com frequência em baladas GLS fora do circuito mainstream. Com os cabelos jogados sobre o rosto, dançava muito compenetrada, como se estivesse em outro mundo.

    Certa vez, testemunhou este repórter, repousava sentada em sua maleta de discos, na calçada do Vale do Anhangabaú, sozinha, como quem espera alguém enquanto a cidade amanhecia.

    Ana Paula Arósio iniciou sua carreira aos 12 anos como modelo, trabalhou dos 15 aos 18 no Japão e voltou ao Brasil determinada a ser atriz.

    Com olhos azuis e sobrancelhas marcadas, ela conseguiu seu primeiro papel na TV na novela "Éramos Seis" (SBT).

    Em 1998, levada para a Globo, ganhou destaque como a protagonista da série "Hilda Furação" e depois deslanchou para uma carreira que soma 30 títulos, entre filmes, peças, novelas e seriados.

    Em junho, colunas na internet noticiaram que a TV Record ofereceu R$ 1 milhão de salário para a atriz. A emissora nega.

    SÓSIA

    Além da Globo, em 2010, houve outro episódio no qual Arósio desistiu de um trabalho. O diretor italiano Alberto Rondalli conta que desde 2006 insistia para que a atriz finalizasse sua participação no filme "Anita e Garibaldi", lançado em dezembro de 2013 após longo esforço para reparar a ausência da atriz. Ele não entrou na Justiça

    O filme só pôde ser finalizado com o rearranjo do roteiro e a contratação de uma sósia de Arósio. O cineasta diz que as tentativas de contato foram todas frustradas e que ela não explicou o motivo do rompimento.

    "Foi uma tragédia, a pior coisa que uma atriz poderia fazer. Foi muito mais grave do que não começar uma novela, porque ela já tinha feito boa parte do trabalho", rememora Rondalli.

    Para ele, "não existe apenas uma Arósio", existem várias. "Ela é doce e, de repente, se mostra alguém muito difícil e com graves problemas."

    Tornou-se público o episódio que Arósio viveu aos 20 anos, quando um namorado suicidou-se com um tiro na boca na presença dela.

    Rondalli diz que a única pista que tem para o acordo quebrado é algo que Arósio disse a ele em 2005, sobre "alguém ou alguma situação que a impede de fazer tudo o que ela quer." Ele não sabe se a atriz, nesta ocasião, referia-se a um estado psiquiátrico, um conselheiro "ou qualquer outra coisa assim".

    "Eu não conhecia a Ana quando ela fez os testes. Sabia que ela era uma atriz famosa e uma aposta dos produtores. Não gostei dos olhos azuis dela para o papel, mas ela insistiu e fui conquistado quando ela veio fazer o teste usando lentes castanhas", conta. É com esses olhos que Arósio aparece no longa.

    A chave para decifrar a personalidade da atriz, em tempo, diz Rondalli, está no carisma. "Quando ela entra em uma sala, todos se voltam naturalmente para ela", ele diz. "Sem que ela faça qualquer esforço para que isso aconteça."

    "Anita e Garibaldi" foi lançado em dez salas no país em dezembro de 2013. Teve público de 1.027 pessoas e renda oficial de R$ 11,8 mil.

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