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    Seriado americano 'A Feiticeira' completa 50 anos

    MATEO SANCHO CARDIEL
    DA EFE, EM NOVA YORK

    30/11/2014 13h08

    Uma pequena balançadinha no nariz substituindo a varinha mágica foi a grande ideia que há 50 anos marcou a série "A Feiticeira", que misturava feitiços com a luta de gênero da mulher "com poderes" tentando em vão se comportar como uma dona de casa convencional.

    A bruxa Samantha, interpretada durante oito temporadas por Elizabeth Montgomery, chegou em meados dos anos 60 um pouco submissa e em preto e branco, e se despediu no começo da década de 70 em cores e muito mais liberada e, meio século depois, mantém o frescor intacto.

    A série se transformou em um dos grandes sucessos da emissora ABC. Anos mais tarde, a história da feiticeira foi levada para o cinema, protagonizado por Nicole Kidman e dirigido por Nora Ephron, mas não fez tanto sucesso.

    Agora deverá vir uma continuação anunciada pela NBC, que terá a neta da protagonista na comédia cheia de truques de magia.

    Neste 50º aniversário foi publicado nos Estados Unidos "Bewitched Continuum", um minucioso manual escrito por Adam-Michael James que repassa a série episódio a episódio (todos os 254), que pretende criar uma nova geração de fãs igual foi feito nos anos 90 com "Jornada nas Estrelas" e o livro "The Nitpicker's Guide for Next Generation Trekkers".

    Para James, "A Feiticeira" foi uma série revolucionária. "Era o começo da era dos direitos civis, a medição de setores desfrutavam de igualdade e quais eram afetados pela desigualdade. E na série se falava de tolerância e aceitação entre mortais e bruxas, mas era aplicável à sociedade toda", explicou em entrevista à Agência Efe.

    Divulgação
    Elenco do seriado de televisão "A Feiticeira"
    Elenco do seriado de televisão "A Feiticeira"

    Não foi à toa, a gravação do primeiro capítulo da série foi cancelada com o assassinato de John Fitzgerald Kenney e em 1968, a transmissão do capítulo "Eu Confesso" foi interrompida por outro homicídio histórico nos Estados Unidos, o de Martin Luther King.

    Mas nessa sociedade convulsa, as artes mágicas de Samantha destacaram a leveza e a picardia, e um humor muito criativo (com aparições especiais de, por exemplo, Leonardo da Vinci) e alguns primitivos, mas muito engenhosos efeitos especiais.

    Com seu marido Darrin (Dick York e depois Dick Sargent), sua esperta mãe Endora (interpretada pela maravilhosa Agnès Moorehead), sua filha Tabitha (que nas temporadas finais foi oferecida às jovens Helen Hunt e Jodie Foster) ou sua prima descarada Serena (também interpretada por Montgomery), "A Feiticeira" construiu um atípico modelo de família americana em uma cidade de Connecticut.

    "Samantha é uma bruxa tentando se controlar para satisfazer seu marido, que a obrigava a não usar seus poderes dentro de casa para poder levar uma vida 'normal'. "Mas, claro, não se consegue reprimir tudo e, embora funcione como gag comediante, isso em si mesmo é uma mensagem", acrescentou.

    Segundo o escritor, "mesmo sendo uma série sobre bruxaria, fala da condição humana, nos lembra da magia que temos dentro de nós, que somos capazes de fazer coisas extraordinárias", disse.

    Apesar de seu impacto popular nos anos 60 e do indubitável encantamento kitsch que tem hoje em dia (assim como a atualidade de seu humor, que lembrava a comédia "screwball" dos anos dourados de Hollywood), a série ganhou apenas dois prêmios Emmy para as atuações de Marion Lorne e Alice Pearce (ambas premiadas postumamente) e outro para a direção de William Asher, marido na vida real de Elizabeth Montgomery.

    O certo é que, a partir da quinta temporada (na qual Montgomery já quis deixar a série, mas foi seduzida por uma generosa contraoferta), a qualidade dos capítulos começou a cair e o livro de James também procura os erros e incoerências da série.

    Infelizmente, nenhum dos principais protagonistas poderá comemorar este 50º aniversário: Elizabeth Montgomery morreu de câncer em 1995, aos 62 anos; Dick York morreu em 1992 aos 63 e Agnès Moorehead, a mais velha de todos eles e uma das grandes coadjuvantes do cinema americano, morreu pouco após terminar a série aos 73 anos.

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