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    Crítica: 'Serial' é didática e sensível, e bafafá não é exagerado

    DOUGLAS LAMBERT
    EDITOR-ASSISTENTE DA "TV FOLHA"

    01/12/2014 02h03

    O enorme bafafá em torno de "Serial" não é exagerado. Trata-se de uma das melhores reportagens investigativas já produzidas.

    A afirmação não é ousada, e os motivos para tanto são inúmeros, mas dois deles merecem destaque.

    O mais importante é o impressionante trabalho jornalístico realizado Sarah Koenig. Apresentadora e produtora-executiva, ela destrincha de tal maneira a história de Adnan Syed, condenado a prisão perpétua em 1999 por estrangular sua ex-namorada, Hae Min Lee, que a essa altura é impossível dizer se foi realmente ele quem cometeu o crime.

    Com uma narrativa didática, sensível e muitas vezes confessional, ela vai atrás de todos os lados envolvidos em busca de esclarecimentos sobre o caso, praticamente refazendo as investigações policiais da época. Existia ou não um telefone público em determinado lugar? Como funciona um antena de celular? Tudo é considerado.

    Seu objetivo não é tirar Adnan da prisão, mas sim acabar com qualquer dúvida que possa pairar sob sua condenação, independentemente do resultado.

    Nove episódios já foram publicados, de um total de 12, mas dizer que eles fazem parte de um programa ou uma série -apesar de seu nome- subtrai um de seus grandes méritos. "Serial" é um podcast e isso implica algumas peculiaridades.

    Quando o iPod foi lançado, em 2002, ele não só reinventou a maneira de ouvir música, como também libertou o restante do conteúdo produzido em áudio das amarras do rádio. Tempo na grade de programação não é mais um problema, e os três intervalos comerciais que dividem a história em quatro atos deixaram de existir.

    O podcast, que começou como a possibilidade de ouvir seus programas favoritos quando bem entendesse, acabou ganhando uma linguagem própria, mais livre e sofisticada. Assim, além da edição de áudio primorosa, "Serial" apresenta episódios com 27, 32, até 53 minutos, que nunca cansam.

    Talvez seu único defeito seja a barreira cultural: somente quem é fluente em inglês consegue de verdade aproveitar a história.

    O que é uma pena. Uma solução possível seria assistir a uma versão pirata legendada, mas não seria a mesma coisa. "Serial" é para ouvir, não para ler.

    SERIAL
    AUTORA Sarah Koenig
    ONDE disponível no site serial.org e no iTunes
    QUANTO grátis
    AVALIAÇÃO ótimo

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