Ao menos no papel, a história de Marco Polo tem tudo para se tornar um sucesso. Ao voltar para a Itália depois de décadas no Oriente, Polo contou suas aventuras ao escritor Rustichello de Pisa, que as relatou no "Livro das Maravilhas", um dos primeiros best-sellers da história.
O gosto pelo exagero na narrativa levou leitores do livro a considerarem Polo um dos maiores mentirosos de todos os tempos. A série, aliás, explora o talento de contador de histórias do protagonista, que ganha os favores de Kublai Khan por sua habilidade em relatar com clareza e elegância o que vê em suas viagens.
Como é inevitável comparar a narrativa da série com o que se sabe sobre a história real, aqui vai uma pequena lista de liberdades tomadas pela produção: Kublai Khan não matou seu irmão mais novo em combate; Marco nunca aprendeu a escrever usando caracteres chineses; e o veneziano não ficou detido sozinho na corte do Khan –seu pai e seu tio também ficaram por lá durante décadas.
Mas dá para notar o cuidado em recriar o mundo visitado pelo aventureiro –a começar pelo fato de que guerreiros mongóis cavalgam pôneis, e não grandes corcéis. Mais importante, a narrativa acerta ao retratar o mundo do século 13 como economicamente vibrante e multiétnico.
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Lorenzo Richelmy (ao centro) que vive o explorador Marco Polo |
Boa parte da intriga que ronda a corte do Khan tem a ver com o fato de que o soberano precisa navegar politicamente em meio a súditos que podem ser mongóis e budistas, chineses taoístas, turcos adeptos do Islã ou cristãos como o próprio Marco.
O desafio de uma das maiores apostas da Netflix para se consolidar no mercado global é retratar tantas culturas sem estereótipos bobos, coisa que esses primeiros episódios chegam perto de conseguir, apesar de alguns exageros em cenas sensuais ou violentas.
NA TV
Marco Polo
Estreia da série
QUANDO 12/12, na Netflix (netflix.com.br): para assinantes do serviço
AVALIAÇÃO bom