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    Crítica: Cheio de referências, 'Birdman' é o mais ousado do Oscar

    SÉRGIO DÁVILA
    EDITOR-EXECUTIVO

    28/01/2015 02h00

    O metafilme "Birdman" é o melhor do diretor Alejandro González Iñárritu e o mais ousado entre os concorrentes da principal categoria do Oscar.

    Não é pouca coisa. O mexicano tem no currículo "Amores Brutos" (2000) e "21 Gramas" (2003), e disputam o prêmio deste ano títulos como "Sniper Americano", de Clint Eastwood, "O Grande Hotel Budapeste", de Wes Anderson, e "Whiplash", do novato Damien Chazelle.

    No longa, que estreia nesta quinta (29), o ator Riggan Thomson (Michael Keaton) dirige e protagoniza uma peça na Broadway baseada num conto de Raymond Carver, "Do que Estamos Falando Quando Falamos de Amor" (1981).

    Busca prestígio contra a decadência que veio ao recusar o quarto filme da cinessérie do tal Homem-Pássaro do título, super-herói que lhe deu fama e dinheiro.

    Xinhua
    Michael Keaton (à esq.) e Edward Norton (à dir.) em cena de 'Birdman
    Michael Keaton (à esq.) e Edward Norton (à dir.) em cena de 'Birdman'

    É em torno dos ensaios e da estreia teatral que se desenrola a trama. No elenco da obra fictícia estão o ator stanislavskiniano Mike Shiner (Edward Norton) e sua ex-namorada Lesley (Naomi Watts). A produção é de Jake (Zach Galifianakis), auxiliado por Sam (Emma Stone), a única filha de Thomson que acaba de sair de um clínica de reabilitação.

    Todas as atuações estão entre as melhores dos quatro atores. "Birdman" é feito à maneira de "Festim Diabólico" (1948), de Alfred Hitchcock, e "Arca Russa" (2002), de Alexandr Sokurov, em que o espectador tem a ilusão de que não há um único corte.

    Tem também toques de "A Noite Americana" (1973), de François Truffaut, e "O Jogador" (1992), de Robert Altman, outros grandes metafilmes.

    A trilha é quase toda de solos de bateria, o que dá ainda mais nervosismo ao filme —e pode irritar alguns. Mas o ruído é um personagem em si.

    São muitas as referências, o que poderia indicar tibieza autoral ou imaginação limitada.

    Não é o caso aqui. "Birdman" é todo ele criatividade, a começar pelo dilema existencialista vivido por Thomson, que assim como o espectador não sabe o que é verdade e o que é teatro (ou cinema): ele pode levitar? Consegue fazer objetos flutuarem? Está morto?

    Firma ainda uma grande parceria, de Iñárritu e Keaton. O diretor mostra bom humor insuspeito e sobe a outro patamar, e o ator nos relembra por que gostamos dele, apesar de "Batman". Sim, Thomson/Keaton, Birdman/Batman, nem tudo é por acaso.

    BIRDMAN
    DIREÇÃO Alejandro González Iñárritu
    ELENCO Michael Keaton, Edward Norton, Naomi Watts
    PRODUÇÃO EUA, 2014, 16 anos
    QUANDO estreia nesta quinta (29)
    AVALIAÇÃO ótimo

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