Fazer um filme sobre o Alzheimer é um desafio: não há épica possível, mesmo o melodrama fica limitado às reações de família: o esquecimento não é um problema filosófico, mas dolorosamente físico. Trata-se de uma morte da mente: alguém deixa de ser quem é ainda em vida.
Assim, não é estranho que "Para Sempre Alice" se proponha antes de mais nada como um filme de atriz: trata-se de observar a lenta e inexorável deterioração de Alice (Julianne Moore). O mais irônico é que Alice é uma intelectual, uma famosa linguista, alguém cuja perda de memória afeta totalmente sua vida mental.
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Julianne Moore em cena de 'Para Sempre Alice' |
"Alice" reproduz os momentos da deterioração da personagem, acompanhando-a da relação com os parentes: o marido e os três filhos.
Se o conjunto da obra é honesto, se a ideia de progressão do mal é apropriada, se só raramente o público é submetido a chantagem emocional, o que mais chama a atenção são achados sutis, como a reação impaciente do marido diante do elevador que não chega. Parece simples, mas talvez seja o mais difícil de achar.
Se há momentos vazios, o sentimento mais forte é de aflição: Alzheimer é o mal do qual ninguém se sente livre. E o filme esclarece: palavras cruzadas não adiantam. Coragem!
PARA SEMPRE ALICE
(STILL ALICE)
DIREÇÃO Richard Glatzer e Wash Westmoreland
ELENCO Julianne Moore, Alec Baldwin, Kristen Stewart
PRODUÇÃO EUA/França, 2014
QUANDO estreia em 12/3
AVALIAÇÃO bom