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    Julianne Moore concorre ao Oscar por papel de mulher com Alzheimer aos 50

    LEANDRO COLON
    DE LONDRES

    15/02/2015 02h00

    Com duas interpretações aclamadas pela crítica e levando prêmios para todos os lados, a atriz americana Julianne Moore, 54, talvez esteja vivendo o melhor momento na carreira para tentar a sorte em um cassino.

    "Eu tenho tido muita sorte, mas sou uma péssima jogadora", brinca ela. Ruiva ou loira, Julianne Moore interpreta uma atriz que busca retomar os tempos de sucesso em Hollywood e também uma mulher de 50 anos que vê a vida desmoronar após o diagnóstico do mal de Alzheimer.

    No próximo dia 22, ela desfila no tapete do Oscar na disputa do prêmio de melhor atriz pela personagem Alice Howland, de "Para Sempre Alice", uma professora de linguística, casada, mãe de três filhos e que descobre ter a doença neurodegenerativa.

    Dirigido por Richard Glatzer, o filme é baseado no livro "Still Alice" (mesmo título do longa em inglês), romance lançado em 2007 da neurocientista americana Lisa Genova.

    "Espero que o filme ajude as pessoas a entenderem mais a doença e os que vivem isolados por ela. Há muito desconhecimento sobre o Alzheimer", diz Julianne, em entrevista à Folha, em Londres.

    Divulgação
    Julianne Moore como uma mulher em busca da fama em 'Mapa para as Esrtelas' e como uma mulher com Alzheimer aos 50, em 'Para Sempre Alice
    Julianne Moore como uma mulher em busca da fama em 'Mapa para as Estrelas' e como uma mulher com Alzheimer aos 50, em 'Para Sempre Alice'
    Divulgação
    Julianne Moore como uma mulher em busca da fama em 'Mapa para as Esrtelas' e como uma mulher com Alzheimer aos 50, em 'Para Sempre Alice
    Julianne Moore como uma mulher em busca da fama em 'Mapa para as Esrtelas' e como uma mulher com Alzheimer aos 50, em 'Para Sempre Alice'

    "A idade não é uma condição para a doença. As pessoas sempre pensam 'Ah, meu avô foi diagnosticado com essa demência quando tinha 80 anos' e não se preocupam em tirar lição dela", diz. "É algo que você pode descobrir com 40, 50, 60 anos. Não vai matar agora, mas não há cura."

    A interpretação da perda de memória à limitação intelectual e motora de Alice já rendeu a ela prêmios como o Globo de Ouro, o Bafta, o SAG (Sindicato dos Atores dos EUA) e o Critics' Choice Movie Awards (dos críticos de cinema dos Estados Unidos).

    Julianne terá a quinta chance de levar um Oscar pela primeira vez, depois de quatro indicações entre 1998 e 2003 –ano em que concorreu nas categorias de atriz e atriz coadjuvante pelos trabalhos em "Longe do Paraíso" e "As Horas".

    "Na última vez em que fui indicada, minha filha ainda era um bebê. É tudo muito louco porque há menos de um ano, em março do ano passado, estávamos terminando de gravar 'Alice'", conta ela. "Não crio expectativa [sobre o Oscar] porque ganhar não é algo comum, não ocorre a toda hora."

    LOIRA

    "Para Sempre Alice" tem estreia prevista nos cinemas brasileiros em 12/3, mas pouco antes, em 26/2, deve chegar também "Mapa Para as Estrelas", dirigido pelo cultuado David Cronenberg.

    No filme, Julianne interpreta Havana, uma atriz que quer recuperar o sucesso em Hollywood e viver a todo custo a mesma personagem interpretada por sua mãe quando jovem.

    A atuação lhe rendeu a Palma de Ouro de 2014 no Festival de Cannes. "Esse filme tem uma linguagem muito precisa, com diálogos feitos pelo [roteirista americano] Bruce Wagner que soam como música. É algo que mexe com o imaginário popular", diz.

    Ela faz questão de destacar que, neste trabalho, está de cabelos loiros em vez do ruivo natural que marca a sua carreira. "Em 'Longe do Paraíso' também era loiro, mas em 'As Horas', marrom", recorda.

    Já o papel de uma mulher –esta ruiva– que descobre a demência aos 50 anos tem transformado Julianne numa espécie de embaixadora da discussão sobre o mal do Alzheimer, doença que atinge cerca de 35 milhões de pessoas no mundo (1,2 mi no Brasil).

    Ela levou quatro meses preparando a personagem. "Comecei assistindo a documentários, depois conversei com membros de associações, conheci uma jovem de 45 anos diagnosticada", diz.

    "Falei com enfermeiras, médicos, parentes das pessoas. Estive com pessoas num estágio de forte declínio. Foram todos generosos comigo."

    O desafio, segundo ela, foi maior por nunca ter tido um parente ou amigo que sofreu com a doença. "O que é incomum. Por isso, a responsabilidade também era enorme."

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