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    Crítica: 'O Voo' espelha ausência da poesia e do acaso no século 21

    INÁCIO ARAUJO
    CRÍTICO DA FOLHA

    24/02/2015 02h50

    Tornou-se um lugar-comum dos noticiários indagar, em atropelamentos fatais, se o motorista estava bêbado. Como se o fato de ele ter bebido tornasse o acontecimento mais letal.

    Mas seria justo indagar: o sujeito que atropela alguém sem estar bêbado atropela menos que o cara que bebeu?

    É mais ou menos isso que está em questão em "O Voo" (2012, 10 anos, TC Touch, 22h). No filme de Robert Zemeckis, Denzel Washington é um piloto cuja habilidade permite, com manobras inverossímeis, salvar um voo ali onde outros fracassariam.

    Um herói? Mais ou menos. As autoridades descobrem que Denzel estava bêbado durante o voo. Aliás, era assim que ele vivia. Era um alcoólatra. Ou seja: não era um herói. Era culpado.

    É bem o raciocínio do século 21: não há poesia, não há acaso, nem improviso, nem inesperado. Há a lei e a ordem. E a família, claro.

    Divulgação
    O ator Denzel Washington em cena do filme 'O Voo'
    O ator Denzel Washington em cena do filme 'O Voo'

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