Quando foi convidada para produzir o musical "Mudança de Hábito", inspirado no filme de 1992 que lhe rendeu o status de superstar, a atriz Whoopi Goldberg fez uma exigência: em todos os lugares por onde o espetáculo passasse, a protagonista teria de ser uma atriz negra.
"Quero que uma atriz negra saiba que ela também pode estar no palco", diz em entrevista à Folha, em Nova York.
"Exceto em 'O Rei Leão', não há muito espaço para negros por aí", dispara a atriz.
Ricardo Leal/Photo Rio News | ||
A atriz americana Whoopi Goldberg nesta segunda (23) em Nova York |
"Mudança de Hábito", obra sobre uma testemunha de um assassinato que se refugia em um convento, chega a São Paulo em 5/3 com a atriz Karin Hils no papel da personagem Deloris Van Cartier.
Para Goldberg, a falta de diversidade na indústria do entretenimento é generalizada. Mas como resolver? "Bom, ajudaria se as pessoas notassem isso. Se você está fazendo uma série sobre Nova York, seria legal ver asiáticos ou negros", afirma. "Nós nem precisamos estar no elenco, podemos estar em torno dele, já ajudaria."
Ela cita as séries "Friends" e "Seinfield". "Vivem no meio de Nova York e não conhecem nenhum negro, asiático, hispânico?", reclama.
Whoopi não viu o Oscar e, mesmo questionando a falta de diversidade racial na indústria, discorda da campanha pela presença do filme "Selma" em mais categorias.
"Não há filmes o suficiente, mas não quero celebrar os que não são para o Oscar", diz. "Quem ganhou no ano passado? '12 Anos de Escravidão'. Não se pode ser racista em um ano e no outro, não."
Whoopi não vem para a estreia de "Mudança de Hábito" no Brasil por causa do trabalho –é uma das apresentadoras do programa matinal "The View", da rede americana ABC. "Mas sei que vai dar tudo certo, conheci a Karin e ela é espetacular", afirma.
A peça, que já passou por 11 países desde sua estreia em Londres, em 2009, tem trilha original –as músicas do filme, da mítica gravadora Motown, não puderam ser usadas no espetáculo–, agora traduzida para o português.
Goldberg ainda se irrita com a discussão sobre a importância de Deloris para sua carreira. "Foi só mais um filme, em que eu me diverti fazendo. Só fiz um filme de que me arrependo", diz. Pode dizer qual? "Sim, mas aí você iria procurá-lo, dando mais atenção a ele. Posso dizer que tinha um dinossauro falante. Acho que isso diz tudo, né?"
A referência leva a "Meu Parceiro é um Dinossauro" (1995), em que interpreta uma policial –que precisa investigar "dinocídios". "Não me pergunte por que eu fiz, eu não queria", diz, rindo.
MUDANÇA DE HÁBITO
ONDE Teatro Renault - av. Brigadeiro Luís Antônio, 411, tel. (11) 4003-5588
QUANDO qui. e sex., às 21h; sáb., às 17h e às 21h; dom., às 16h e às 20h; a partir de 5/3
QUANTO de R$ 50 a R$ 260
CLASSIFICAÇÃO livre