Aclamada pela crítica e humorista de mão cheia, Tina Fey nunca conseguiu transformar sua série, "30 Rock", em um sucesso de público –mesmo tendo ganhado vários Emmy, o Oscar da TV. A comédia vivia na corda bamba entre o prestígio e a ameaça constante de cancelamento.

Parecia ser esse também o destino de "Unbreakable Kimmy Schmidt", sua nova criação ao lado do roteirista Robert Carlock, de "Friends".

O canal americano NBC tinha dado o sinal verde para que fizessem 13 episódios de 30 minutos, mas nunca chegou a marcar data de estreia ou estabelecer um horário.

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	Tituss Burgess e Ellie Kemper em 'Unbreakable Kimmy Schmidt'

A solução veio em novembro: a NBC anunciou que repassaria a série para o serviço de vídeo sob demanda Netflix, que, por sua vez, garantiria pelo menos a produção de duas temporadas.

"Temos uma temporada com uma programação muito focada em drama, então estamos felizes com a proposta da Netflix", disse Robert Greenblatt, diretor da NBC Entertainment, deixando claro que as comédias estão em baixa na TV americana.

Tina Fey, por outro lado, pareceu mais cética em relação ao acordo. Um pouco decepcionada, até. "Acho que a série poderia estar em um canal de TV normal, mas ficamos empolgados com o acordo com a Netflix", conta ela à Folha, na Califórnia.

"O tom da série foi estabelecido antes [da mudança para a Netflix] e não sei se mudaria algo." Quando o contrato foi assinado para a mudança, Fey e Carlock gravavam os últimos episódios.

As únicas alterações foram para completar os minutos que seriam ocupados pelos comerciais. "Nossa personagem tem um passado religioso, então você não ouvirá muitos palavrões ou verá cenas sensuais no chuveiro só porque estamos na Netflix agora", brinca o cocriador.

Segundo Tristram Shapeero, diretor de quatro episódios da temporada inicial, incluindo o primeiro, ter esse tempo extra para contar uma história é bem-vindo, mas não houve grandes diferenças entre produzir a série para a TV ou para a internet.

Sobre as dificuldades enfrentadas pelas comédias televisivas hoje, afirma: "Esperam que você tenha um hit logo no primeiro episódio, mas comédias, especialmente, precisam de um tempo para serem aceitas pelo público."

APOCALÍPTICO

"Unbreakable Kimmy Schmidt", que estreia nesta sexta (6), conta a história de Kimmy (Ellie Kemper, de "The Office"), uma mulher que volta à sociedade após passar 15 anos enfurnada num bunker com outras companheiras sequestradas por um fanático que cultua o apocalipse.

"A ideia veio quando pensei nas histórias sobre mulheres que vão para a cidade grande tentar uma nova vida. Elas sempre parecem se recuperar de um divórcio ou de um rompimento ", conta Fey. "Resolvi turbinar isso. E se ela fosse prisioneira de um fanático religioso, parte de um culto pós-apocalíptico?"

Na série, Kimmy tenta se encontrar em uma Nova York moderna, mas só cita referências aos anos 1990. Passa a morar com um ator (Tituss Burgess) e vira babá dos filhos de uma dondoca (Jane Krakowski, de "30 Rock").

"A graça está em como Kimmy descobre como o mundo mudou. Ela anda no metrô pela primeira vez e, ao ver todos sem conversar, acha que aquilo é uma montanha-russa", diz Carlock.

"A série é, no fim, sobre como é difícil destruir o espírito humano. Depois de tudo o que acontece com Kimmy, ela ainda vê beleza e alegria no mundo e encoraja os outros a fazerem o mesmo", diz Shapeero.

Fey, inicialmente, não atuará, mas avisa que os fãs "precisam esperar para ter certeza". "Adoro ficar por trás das câmeras", confessa. "Vou para a gravação com meu moletom sujo, sem maquiagem e não preciso arrumar o cabelo. É como estar em casa."

UNBREAKABLE KIMMY SCHMIDT
Estreia da série
QUANDO sex. (6), na Netflix