• Ilustrada

    Friday, 29-Mar-2024 10:18:06 -03

    Ministry vence mortes e drogas para tocar no país pela primeira vez

    ANDRÉ BARCINSKI
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    06/03/2015 02h47

    Foram quase 25 anos de espera. Desde o início dos anos 1990, o grupo americano Ministry promete vir ao Brasil, mas as coisas sempre deram errado no último minuto.

    Uma hora, era o vocalista e mentor do grupo, o tresloucado Al Jourgensen, que havia sido internado outra vez em alguma clínica de reabilitação; outra hora, era alguma tragédia ocorrida com um integrante da banda. Nada menos de cinco colaboradores musicais de Jourgensen morreram nos últimos 20 anos.

    Se tudo der certo, o público que for ao clube Audio nesta sexta (6) verá Jourgensen comandando uma das bandas mais pesadas e transgressoras das últimas três décadas, um grupo que, no fim dos anos 1980, criou uma então inusitada mistura de metal, punk e sons eletrônicos e influenciou nomes como Nine Inch Nails, Slipknot, Korn, Deftones e até o Sepultura.

    Divulgação
    A banda Ministry, que se apresenta no Brasil
    A banda Ministry, que se apresenta no Brasil

    Antes de ser pesado, o Ministry, acredite, era uma banda de tecnopop na linha de New Order e Depeche Mode. Liderada pelo cubano Al Jourgensen, chegou a fazer certo sucesso na cena de dance music americana com a faixa "Everyday Is Halloween".

    Foi só depois que Jourgensen se juntou ao baixista Paul Barker (da banda punk The Blackouts) que os dois começaram a mudar a direção do som do Ministry e o transformaram num monstro de barulho, velocidade e distorção.

    Discos como "The Land of Rape and Honey" (1988), "The Mind Is a Terrible Thing to Taste" (1989) e "Psalm 69" (1992) adicionaram guitarras a batidas típicas de bandas eletrônicas. De repente, metaleiros se pegaram ouvindo música eletrônica.

    O Ministry fez grande sucesso comercial. Em 1992, a banda aniquilou a concorrência na turnê Lollapalooza e seus discos vendiam muito. Mas Jourgensen não era a pessoa mais fácil do mundo e sofria sérios problemas com drogas.

    No documentário "Fix", um parceiro musical de Jourgensen, o cantor Jello Biafra, ex-Dead Kennedys, falou sobre a amizade de Al com dois papas da contracultura e das drogas, Timothy Leary e William Burroughs. "Um dia, Leary chegou para mim e disse: 'Jello, precisamos ajudar Al. Ele é tão talentoso, mas vive sempre tão chapado!'. Lembre-se: quem me disse isso foi o homem que ensinou o mundo a tomar ácido."

    Com o sucesso das bandas de nu-metal –Limp Bizkit, Korn, Deftones– no meio dos anos 1990, e as sucessivas brigas de Jourgensen com seus companheiros, que resultaram na saída de Paul Barker, em 2003, o Ministry perdeu muito de sua força e relevância. Mas ainda faz um show poderoso. Quem viver, verá.

    ANDRÉ BARCINSKI é jornalista e autor do livro "Pavões Misteriosos" (Três Estrelas)

    MINISTRY
    QUANDO nesta sexta (6), às 21h30
    ONDE Audio Club, av. Francisco Matarazzo, 694, tel. (11) 2027-0777
    QUANTO de R$ 240 a R$ 400
    CLASSIFICAÇÃO 18 anos

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024