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    Crítica: Qualidade da equipe compensa excessos de 'Mudança de Hábito'

    NELSON DE SÁ
    DE SÃO PAULO

    15/03/2015 02h23

    "Mudança de Hábito" é um exagero em quase todas as frentes, um musical trabalhado demais. Celebremente, já para o filme de 1992 com Whoopi Goldberg, mobilizou quase uma dezena de roteiristas. Para o musical, acrescentaram-se dramaturgos, criaram-se outras canções, amontoaram-se diretores, nasceu até mesmo uma linha de coro de freiras.

    Estreou na Califórnia, surgiu diferente em Londres três anos depois e só chegou a Nova York após mais dois anos, em 2011. É esta última versão, com encenação do inventivo Jerry Zaks, de montagens marcantes na Broadway e off há três décadas, que ganha temporada agora em São Paulo, com elenco brasileiro.

    Percebe-se o acúmulo criativo, o detalhamento a cada personagem, até os menores. O que garante ótimas cenas, por exemplo, para Tiago Barbosa, Max Grácio e Beto Sargentelli, que interpretam três malfeitores paralelos na trama, mas muito engraçados, caricaturas de uma Nova York dos anos 1960 e 1970.

    Felipe Gabriel/Folhapress
    Cena do musical 'Mudança de Hábito', em cartaz no Teatro Renault
    Cena do musical 'Mudança de Hábito', em cartaz no Teatro Renault

    Muitas das freiras também são bem desenvolvidas, uma festa para atrizes como Daniela Cury. São como peças à parte. Este ou aquele personagem, como o Curtis de Cesar Mello, parece pedir até uma trama própria.

    Feérico, excessivo, o espetáculo acaba porém por sufocar um dos bons achados do enredo original: a reviravolta dramática de questionar a irresponsabilidade com que a protagonista, a cantora Deloris, trata as freiras que a protegem e cujas vidas ela põe em risco. Aprendem todas, umas com as outras.

    No palco, pelo contrário, Deloris submete e muda as freiras por completo. Vale porém pela atuação exuberante e com domínio da comédia pela brasileira Karin Hils, que já vinha de "Hair" e se confirma agora, de uma vez, como estrela de teatro musical.

    De maneira geral, o espetáculo é um tributo à qualidade dos profissionais que se desenvolveram na última década e meia em torno da produtora T4F. Vale não só para o grande elenco, mas, entre outros da equipe criativa brasileira, para a versionista Bianca Tadini e para a primeira regente Vânia Pajares.

    MUDANÇA DE HÁBITO
    QUANDO qui. e sex., às 21h; sáb., às 17h e às 21h; dom., às 16h e às 20h
    ONDE Teatro Renault - av. Brig. Luís Antônio, 411, tel. (11) 4003-5588
    QUANTO de R$ 50 a R$ 260
    AVALIAÇÃO bom

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