Jorge Luis Borges chamava Joseph von Sternberg, seu diretor favorito, de "o demente". Talvez pelo prazer do alemão em trabalhar no excesso quase plano a plano, como se poderá perceber no filme "O Expresso de Shanghai" (1932, TC Cult, 14h25).
No trem que faz a rota Pequim-Xangai, num momento em que ninguém sabe bem se ocorre uma revolução, uma contrarrevolução ou ambos, quem pontifica é a cortesã Shanghai Lily
E como Shanghai é Marlene Dietrich, ninguém deverá estranhar que a guerra pare para que generais, revoltosos, embaixadores e afins passem a lutar por ela, com métodos nem sempre corteses.
Como era hábito com Sternberg (e com a imagem de Marlene) tudo ali é desejo. Desejo movido a recortes, mistérios, sombras e luzes, sobrecarga de elementos que fizeram a glória do barroco de Sternberg.
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Cena do filme "O Expresso de Shangai" |