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    Morre aos 74 anos o escritor uruguaio Eduardo Galeano

    DE SÃO PAULO

    13/04/2015 10h06 Erramos: o texto foi alterado

    O escritor uruguaio Eduardo Galeano, autor de "As Veias Abertas da América Latina", morreu nesta segunda-feira (13) aos 74 anos em Montevidéu. A informação foi confirmada pela editora do autor ao jornal espanhol "El País".

    Segundo o jornal, Galeano estava hospitalizado desde a última sexta-feira (10), em decorrência de um câncer no pulmão.

    Um dos mais importantes intelectuais e ativistas da esquerda latino-americana, Galeano publicou em 1971 "As Veias Abertas da América Latina", clássico da literatura política do continente. O título analisa a história de exploração econômica da América Latina desde a colonização europeia.

    Ele esteve no Brasil em 2014, para a 2ª Bienal do Livro e da Literatura, em Brasília. Na ocasião, falou sobre o livro de 1971. "Depois de tantos anos, não me sinto mais ligado a ele. O tempo passou e descobri outras maneiras de me aprofundar na realidade. É uma etapa superada. Se fosse reler o livro hoje cairia desmaiado, não aguentaria", afirmou o escritor.

    Na feira literária, Galeano disse ter passado a reconhecer sua imaturidade quando escreveu "Veias Abertas", que "pretendia ser um livro de economia política, mas eu não tinha o treinamento e o preparo necessários". E que o mundo "mudou" desde que sua obra mais célebre chegou às livrarias. "Meus espaços de penetração na realidade cresceram tanto fora, quanto dentro de mim. Dentro de mim, eles cresceram na medida em que eu ia escrevendo novos livros, me redescobrindo, vendo que a realidade não é só aquela em que eu acreditava."

    O escritor foi recebido com entusiasmo pela plateia em Brasília, que o aplaudiu de pé. "Sinto-me sufocado de tanto carinho", declarou ele.

    Além de "As Veias Abertas da América Latina", Galeano é autor de "Memória do Fogo", "Os Filhos dos Dias" e "Futebol ao Sol e à Sombra", publicados no Brasil pela editora L&PM, entre muitos outros livros.

    O futebol, aliás, foi um tema caro ao uruguaio. Em "Futebol ao Sol e à Sombra", de 1995, ele narra a final da Copa de 1950, no Rio de Janeiro, episódio que entrou para história do futebol como "Maracanazo", quando o Brasil perdeu em casa por 2 a 1 para o Uruguai. Para a Copa do Mundo de 2002, a pedido da Folha, Galeano escreveu um ensaio sobre a relação entre o futebol e relações autoritárias de poder.

    Em entrevista concedida em 2010 ao programa "Sangue Latino", do Canal Brasil, o escritor falou sobre suas visões sobre a América Latina, democracia, diversidade, e sobre a função da literatura e da arte.

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