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Ilustrada
Saturday, 23-Nov-2024 00:42:50 -03CRÍTICA
Filme brasileiro 'A Vida Privada dos Hipopótamos' é pura verborragia
ELEONORA DE LUCENA
DE SÃO PAULO08/05/2015 02h30
Christopher Kirk é um norte-americano contador de histórias. Ou melhor, de lorotas. E ganhou um documentário só para ele. O feito é dos diretores Maíra Bühler e Matias Mariani em "A Vida Privada dos Hipopótamos".
Com todo o espaço do mundo, o técnico em informática fala de suas supostas aventuras em torno de uma namorada exótica e enigmática que conheceu na Colômbia. Em detalhes, faz uma narrativa se colocando no lugar de um gringo apaixonado e ludibriado pela mulher que persegue –ou que o persegue, não se sabe bem.
Kirk fala com roupa de presidiário, mas tem ao fundo um quadro negro, o que lhe confere certa autoridade.
Imagens infantis de Pinóquio podem induzir a suspeitas sobre o relato. Mas o personagem é apresentado como um ingênuo meio bobalhão engolido por uma baleia ou pelos meandros da noite colombiana.
Divulgação Cena do filme brasileiro "A Vida Privada dos Hipopótamos" Dedicados, os cineastas vão aos Estados Unidos recuperar os dados no computador do entrevistado, ouvem familiares e amigos. Alinhavam uma sofrível história de folhetim. Usam correios eletrônicos e fotos de viagem para criar um clima de romance e suspense.
Por um tempo, o recurso funciona para prender a atenção. Mas a história, cada vez mais inverossímil, cai num pântano enfadonho. Num desfecho rápido, a trajetória mostrada no filme vira farrapo. A mulher, centro das atenções, não tinha tanta importância assim. Na verdade, importância bem marginal para o desdobramento da trama.
A vida de Kirk aparece na sua plenitude: oca. Patética é a tentativa de justificar as lambanças do personagem como um grito contra a rotina entediante dos subúrbios norte-americanos. O sujeito é só um enrolador medíocre, que ri de todos que engana, cineastas e plateia. E se gaba de zombar da Justiça brasileira.
Os hipopótamos também entram de gaiatos na rocambolesca verborragia, que não leva a lugar nenhum. Emprestam apenas um título charmoso para a fita, que deixa uma sensação de tempo perdido. Melhor ir ao zoológico.
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