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    CRÍTICA

    Ator principal, Jarbas Homem de Mello é destaque de peça 'Chaplin'

    NELSON DE SÁ
    DE SÃO PAULO

    20/05/2015 02h30

    Três anos atrás, em Nova York, "Chaplin, o Musical" cumpriu temporada de pouco mais de cem apresentações e não foi propriamente sucesso, nos padrões da Broadway.

    Porém provou ter um grande papel, mais até, ser um ótimo veículo para atores com empatia e qualificação dramática e cômica –como, por sinal, já havia acontecido com o filme de 1992, com Robert Downey Jr.

    É o que se confirma agora em São Paulo. Jarbas Homem de Mello, que havia chamado a atenção em espetáculos recentes estrelados pela produtora Claudia Raia, veterana do teatro musical brasileiro, ganha sua chance de protagonizar, com personagem escolhido a dedo.

    Tem as qualificações citadas e outras, inclusive preparo para movimentos quase acrobáticos. Sobretudo, tem facilidade para saltar de cenas cômicas, que faz de maneira convincente sem ser comediante pleno, a dramáticas.

    Como o americano Rob McClure há dois anos, Mello ocupa seu lugar na boca de cena para o merecido reconhecimento –ainda que prêmios para teatro musical ainda sejam relativamente incipientes no palco brasileiro.

    A interpretação qualificada do protagonista não esconde tratar-se de um musical medíocre, com canções esquecíveis e um história linear, lugar-comum.

    A narrativa costura dados da origem do comediante e cineasta com suas obras, os personagens que criou. Funciona pontualmente, como na ligação que evidencia a relação entre a mãe de Chaplin e a protagonista feminina de mesmo nome, Hannah, do filme "O Grande Ditador" (1940).

    Por outro lado, é sobrevalorizada a figura do irmão de Chaplin, Sidney, como se fossem uma dupla para toda a vida –a ponto de levar o protagonista se desculpar por suas posições socialistas, no final– e não para o início da carreira do comediante.

    Mas um dos aspectos positivos do musical é exatamente recuperar muito da origem de Chaplin no "music hall" inglês, do empresário Fred Karno, antes de Hollywood e da América. E outro é explorar, mais do que de costume, a sua aproximação com a União Soviética.

    Mas mesmo aí se sente a vocação doméstica do espetáculo. É um musical "família", em que os pecados do protagonista são não ouvir seus familiares, não se dedicar mais à mãe etc.

    Além de Mello, sobressai pela voz e pelo carisma a atriz Paula Capovilla, que se delicia com a personagem de Hedda Hopper, do "Los Angeles Times", a malvada da história, que espelha a perseguição que levaria Chaplin a não ser mais aceito nos EUA.

    CHAPLIN, O MUSICAL
    QUANDO qui. e sex., às 21h; sáb., às 18h e às 21h30; dom., às 18h
    ONDE Theatro Net - r. das Olimpíadas, 360, tel. (11) 4003-1212
    QUANTO de R$ 50 a R$ 180
    AVALIAÇÃO bom

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