Namorado de Marion Cotillard, ex-marido de Diane Kruger, filho de criadores de cavalos, ex-praticante de hipismo. Era ele também o francesinho do casal que se une a Leonardo DiCaprio em "A Praia" (2000), de Danny Boyle, em busca de uma areia paradisíaca na Tailândia.
Só a biografia de Guillaume Canet, 42, já chama a atenção. Ele ainda dirigiu dois ótimos longas da última década, o suspense "Não Conte a Ninguém" (2006) e o drama "Até a Eternidade" (2010).
Mas o que importa, agora, é que essa eterna promessa finalmente vive seu melhor papel em "Na Próxima, Acerto no Coração", um dos destaques do Festival Varilux de Cinema Francês.
O filme é baseado em uma história real dos anos 1970 e foi escrito e dirigido por Cédric Anger, mesmo roteirista de outro longa em cartaz, também baseado em uma história real da década de 1970, "Os Homens que Elas Amavam Demais", com o mesmo ator.
Ambos merecem ser vistos, pois são bons exemplos de obras bem realizadas. Em "Na Próxima, Acerto no Coração", a união de um grande intérprete com seu melhor personagem é um desses encontros cinematográficos inesquecíveis que nos faz confundir criador e criatura.
Como o Keyser Soze de Kevin Spacey, o Hannibal Lecter de Anthony Hopkins ou o Coringa de Heath Ledger. A diferença é que Canet se despe de qualquer maneirismo e aposta no minimalismo total, em gestos, palavras, olhares.
O personagem, um serial killer durante a noite e policial da unidade que investiga os atos do assassino de mulheres jovens durante o dia, na região de Oise, entre 1978 e 1979, está explodindo por dentro, mas o que o espectador vê é o quão contido ele é.
A opção do cineasta, de contar a história do ponto de vista do assassino, evita a armadilha de fazer deste um filme à la M. Night Shyamalan, com um grande susto no final. O resultado, muito mais eficiente, fica claro: este é um grande longa, com um protagonista excelente.